Crianças com menos de dez anos participaram na terceira noite de confrontos entre jovens republicanos católicos opostos ao processo de paz na Irlanda do Norte e as forças de ordem, durante as tradicionais marchas protestantes de julho em Belfast.
As crianças se encontravam entre as centenas de pessoas que tomaram as ruas do bairro majoritariamente católico de Ardoyne, no norte de Belfast, na noite de terça-feira (14/7), em uma nova manifestação de violência durante as margas orangistas anuais, que todos os anos dão lugar a incidentes de maior ou menor gravidade no Ulster.
O chefe do governo regional, o protestante Peter Robinson, e seu número dois, o católico Martin McGuinness, que pediram calma à população, estão avaliando a situação com o chefe da política norte-irlandesa, Matt Bagott.
As autoridades responsabilizam um grupo de jovens radicais pelos distúrbios.
Até então não havia sido registrada a participação de crianças nessas marchas, mesmo na época mais difícil do conflito nos anos 1970 e 1980.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, condenou a violência inaceitável em declarações nesta quarta-feira na Câmara dos Comuns.
Vitória do rei protestante
Os protestantes orangistas desfilam todos os anos no Ulster na semana de 12 de julho para comemorar a vitória nesse dia, em 1690, do rei protestante Guilherme de Orange sobre o católicio Jacob II na batalha de Boyne.
A província britânica viveu três décadas de violência política entre separatistas católicos, partidários da Uniào com a República da Irlanda, e protestantes unionistas leais ao Reino Unido, que deixaram mais de 3.500 mortos e terminaram com os acordos de paz Sexta-feira Santa, em abril de 1998.