Agência France-Presse
postado em 14/07/2010 15:06
O governo da Venezuela acusou a Igreja Católica do país de ser "porta-voz da oposição" após declarações de um cardeal, afirmando que o presidente Hugo Chávez estava em processo de implementação de uma ditadura marxista no país sul-americano.Os bispos "são como (o cardeal Jorge) Urosa Savino, porta-vozes políticos da oposição", declarou a presidente da Assembleia Nacional, Cilia Flores, a dois meses das eleições legislativas, consideradas cruciais para o chefe de Estado.
"Os ministros desejam expressar o apoio incondicional ao Chefe de Estado em sua decisão para fazer valer a soberania e o respeito pelas instituições e exigem respeito dos líderes da Igreja Católica venezuelana", informou, por sua vez, o vice-presidente Elias Jaua durante uma reunião do Conselho de Ministros retransmitida pelo canal oficial VTV.
O cardeal Urosa Savino, novo arcebispo de Caracas, e o presidente Chávez se confrontaram na semana passada por meio da imprensa.
O Chefe de Estado, que diz ser marxista e cristão, chamou o religioso de "troglodita". "Ele me acusa de violar a Constituição, ele precisa provar isso ante um tribunal (...) Ele faz acusações infundadas e temerárias, muito semelhantes a de golpistas", afirmou Chávez, acusando o cardeal de ter apoiado o golpe de Estado que o derrubou por dois dias em 2002.
Urosa Savino respondeu em um comunicado que o chefe de Estado não gozava de qualquer direito especial para "insultar ou difamar" os cidadãos. Ele ainda reafirmou que Chávez desprezava a Constituição, com o objetivo de estabelecer uma "ditadura".
Na segunda-feira, a Conferência Episcopal Venezuelana manifestou vontade de "virar a página" dessa polêmica, mas apoiava o cardeal.