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Cargueiro líbio com ajuda para Gaza atraca no Egito

Agência France-Presse
postado em 14/07/2010 18:01
O cargueiro líbio, inicialmente destinado a quebrar o bloqueio israelense a Gaza, atracou no Egito nesta quarta-feira (14/7), depois de concordar em entregar a carga de ajuda por meio do território egípcio, informou um correspondente da AFP no local.

[SAIBAMAIS]A notícia pôs fim a um temor de confronto entre ativistas e a Marinha israelense, que ameaçou usar a força se o navio insistisse em furar o bloqueio.

A Fundação Kadhafi, a organização de caridade líbia que fretou o navio, disse ter obtido garantias do Cairo e de um "mediador europeu" de que Israel permitirá que a carga do navio, composta de duas mil toneladas de ajuda em alimentos e medicamentos, chegue a Gaza.

A Líbia também recebeu sinal verde para "gastar 50 milhões de dólares na construção de residências na Faixa de Gaza no inverno" (boreal), informou o diretor-executivo, da organização, Yusef Sawan, acrescentando que a fundação também fornecerá 500 casas pré-fabricadas.

Mais cedo, o ministro egípcio das Relações Exteriores, Ahmed Abul Gheit, disse que o Cairo havia recebido um pedido do cargueiro Amalthea para levar sua carga de ajuda para Gaza por meio do território egípcio. "Assim que o navio chegar a El-Arish, as autoridades egípcias vão descarregar e entregar a ajuda ao Crescente Vermelho egípcio, que por sua vez a entregará ao lado palestino", afirmou.

Segundo as autoridades portuárias, o Almathea deve ser descarregado nesta quinta-feira.

Oito navios de guerra israelenses acompanharam o cargueiro durante o dia, quatro de cada lado, a fim de evitar que seguisse viagem para a costa de Gaza, explicou Sawan à AFP. "Preocupada com a segurança de todos a bordo, a Fundação decidiu dirigir-se a El-Arish", acrescentou.

Em 31 de maio, comandos israelenses invadiram uma flotilha internacional que também levava ajuda para Gaza, matando nove ativistas turcos e provocando forte reação internacional.

Um alto oficial israelense declarou ao jornal Maariv que a Marinha não esperava ter problemas com as pessoas a bordo do navio líbio, mas que estaria preparada para dar uma resposta caso se tornasse necessário. "Nós não esperamos qualquer resistência", afirmou. "Mas se nossos soldados encontrarem problemas, eles não hesitarão em usar a força", acrescentou.

Mais cedo, o representante do Quareto para o Oriente Médio, Tony Blair, instou "a todos os lados a agir com moderação". "A coisa mais importante é evitar o confronto, razão pela qual os canais estabelecidos para entregar ajuda a Gaza devem ser usados de acordo com a nova política na qual temos trabalhado", declarou o ex-premier britânico.

Depois da notícia da atracação do cargueiro no Egito, Richard Miron, porta-voz do enviado de paz da ONU ao Oriente Médio, Robert Serry, disse que "estamos contentes que o navio tenha chegado a El-Arish de forma que a carga possa ser transferida pelos canais apropriados".

Em resposta às fortes críticas que sofreu após a operação mortal de maio, Israel concordou em afrouxar o bloqueio terrestre a Gaza, que já dura quatro anos. O Estado hebreu diz só bloquear armas e outras mercadorias que possam ter uso militar para o movimento islâmico Hamas, que controla o território palestino. No entanto, insiste em bloqueio naval, para evitar que grupos armados palestinos obtenham armas por via marítima.

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