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BP é autorizada a testar funil contra vazamento de petróleo

Agência France-Presse
postado em 14/07/2010 18:51
A empresa britânica BP recebeu sinal verde nesta quarta-feira (14/7) para iniciar os testes com um novo funil destinado a recolher todo o petróleo que vaza no fundo do mar no Golfo do México, e a operação vai começar em breve, informaram as autoridades americanas.

"Neste momento estamos emitindo uma ordem à BP para que inicie os testes para verificar a integridade do poço", revelou o almirante Thad Allen, encarregado pelo governo americano de supervisionar os trabalhos de combate à maré negra. "Esses testes terão a duração de, no máximo, 48 horas, quando vamos avaliar a situação e os passos a seguir".

O teste de pressão destinado a avaliar a integridade do poço, que se estende por quatro quilômetros sob o leito marinho, inclui o fechamento das válvulas do funil de 75 toneladas instalado sobre o foco do vazamento de petróleo. Uma pressão alta permitiria manter fechadas as válvulas e até selar o poço, mas uma baixa pressão significaria que há perda em alguma outra parte do sistema.

Mais cedo, engenheiros da companhia petroleira britânica British Petroleum faziam os preparativos de última hora para realizar o teste quando quando autoridades americanas decidiram rever os procedimentos para assegurar que o teste de integridade do poço era seguro e estaria adequadamente montado.

Originalmente previsto para terça-feira, o teste foi adiado em 24 horas porque, segundo explicou o vice-presidente da BP, Kent Wells, aos jornalistas, é "muito importante" e todos querem se assegurar de que este seria "o melhor procedimento possível".

Em um sinal dos grandes riscos envolvidos na operação, o oficial americano encarregado da resposta ao desastre, o almirante da Guarda Costeira Thad Allen, atrasou o teste depois de se reunir, com o Secretário de Energia Steven Chu, ganhador do Nobel de Física, e com outros especialistas. "Como resultado dessas discussões, decidimos que o procedimento poderia se beneficiar de análises adicionais que serão realizadas esta noite e amanhã", explicou o almirante Allen, nesta terça-feira, em um comunicado.

Ele também ordenou que fosse suspensa preventivamente a perfuração de um poço auxiliar situado a apenas 1,2 metro de distância do danificado até que o teste de integridade fosse concluído. Assim que as válvulas forem fechadas, nem uma gota de petróleo será liberada no mar do Golfo pela primeira vez desde que a plataforma "Deepwater Horizon" afundou, 83 dias atrás.

O procedimento precisa ser feito com muito cuidado, uma vez que as autoridades temem que, se houver um vazamento no revestimento do poço, danos maiores poderiam ocorrer. No pior dos casos, a enorme pressão causada pela interrupção do fluxo poderia fazer o petróleo escapar por um novo buraco no leito marinho, agravando assim o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

O dispositivo da BP, que contém três válvulas gigantes, foi baixado na segunda-feira e acoplado ao duto rompido quase 1,6 km abaixo do nível do mar, onde apenas robôs submarinos conseguem trabalhar. Agora que receberam sinal verde para prosseguir com a operação, os engenheiros da BP vão, gradualmente, fechar as válvulas para interromper o vazamento, o que deve levar de 6 a 48 horas.

Durante esse período, restará aos engenheiros cruzar os dedos para que sejam feitas leituras de alta pressão, as quais demonstrariam a inexistência de vazamento no poço. Se essas leituras forem prolongadas e durarem 48 horas ou talvez mais, as autoridades devem decidir manter as válvulas fechadas, selando o poço de uma vez por todas.

Allen explicou que se as leituras se situarem entre 8.000 e 9.000 psi, segundo a medida de pressão do sistema anglo-americano (entre 551,58 e 620,53 Bar, aproximadamente), isso indicaria que o poço está seguro. Uma baixa pressão, ao contrário, indicaria que o petróleo está saindo pelo invólucro externo do poço, forçando a reabertura imediata das válvulas para reduzir o risco de maiores danos ao poço ou até mesmo um novo vazamento no leito marinho.

Embora operações de contenção tenham que ser aplicadas neste ponto, as autoridades afirmam que o novo dispositivo dá a eles a habilidade de capturar todo o petróleo liberado em questão de dias.

Os moradores do Golfo têm visto o equivalente a 35.00 a 60.000 barris de petróleo serem liberados no mar desde que uma explosão destruiu a plataforma da BP, em frente à costa da Luisiana, em abril. Estima-se que desde então, de dois a quatro milhões de barris de petróleo tenham sido liberados no mar desde que a "Deep Horizon" afundou, em 22 de abril, dois dias depois de uma explosão que matou 11 trabalhadores.

Bolas de alcatrão e manchas de petróleo têm aparecido nos cinco estados do Golfo, do Texas à Flórida, prejudicando a pesca e comprometendo o turismo, dois setores chave para a economia local.

A tragédia no Golfo já custou à BP 3,5 bilhões de dólares e as indenizações podem superar em 10 vezes este valor.

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