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Cientista iraniano acusa agentes dos EUA de oferecer US$ 50 milhões por informações secretas

postado em 15/07/2010 11:28
Brasília ; O cientista iraniano Shahram Amiri, que foi dado como sequestrado nos Estados Unidos (EUA), disse nesta quinta-feira (15/7) ao chegar a Teerã que foi submetido a sessões de interrogatório por agentes secretos norte-americanos. Amiri afirmou ainda que os agentes lhe ofereceram US$ 50 milhões para que prestasse informações sobre o programa nuclear iraniano, que a comunidade internacional suspeita encobrir a produção de armas atômicas.

;Eles também garantiram que levariam minha família para fora do Irã;, afirmou Amiri, que desembarcou hoje no Aeroporto Internacional Imam Khomeini, no sul de Teerã. ;Eu sou um simples pesquisador que trabalha em uma universidade que está aberta a todos e não há trabalho secreto algum lá.; As informações são da Irna, agência oficial de notícias do Irã.

Segundo a agência, Amiri disse que não atuava diretamente nos projetos relativos ao programa nuclear iraniano. Ele é professor da Universidade de Teerã e afirmou ter sido seqüestrado na cidade sagrada saudita de Medina, em 3 junho de 2009, ao participar de uma peregrinação religiosa.

[SAIBAMAIS]Na última terça-feira (13/7), o cientista iraniano pediu abrigo na Embaixada do Paquistão, em Washington. Segundo Amiri, ele foi submetido a torturas físicas e mentais nos primeiros dois meses em que permaneceu nos Estados Unidos. ;Eu fui sequestrado durante uma operação conjunta dos saudidas e norte-americanos, quando eu estava na frente do meu hotel na cidade santa de Medina. Fiquei inconsciente e fui transferido para lugares desconhecidos, primeiro na Arábia Saudita e, em seguida, nos Estados Unidos;, afirmou Amiri. ;Washington, por meio de um jogo político, me pressionava para anunciar ao mundo que eu pedi asilo político;, disse o cientista.

Representantes do Ministério do Exterior iraniano informaram ter provas de que Amiri foi sequestrado por agentes secretos dos EUA. O porta-voz do ministério do Exterior iraniano, Ramin Mehmanparast, disse que o governo pretende continuar investigando o caso. Segundo ele, serão usados meios legais e diplomáticos para saber qual o papel do governo americano no suposto sequestro do acadêmico.

Anteontem (13/7), a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que o cientista nuclear estava nos EUA por vontade própria e que era livre para deixar país e retornar ao Irã. "Em contraste [com a posição assumida pelos EUA em relação a Amiri], o Irã continua a manter três jovens americanos contra sua vontade", disse a secretária. ;Nós reiteramos nosso pedido de que eles sejam libertados e possam voltar para suas famílias. Nós também continuamos sem informações sobre o bem-estar e o paradeiro de Robert Levenson, que está desaparecido no Irã desde 2007", disse Hillary referindo-se ao caso de um ex-agente da Polícia Federal dos EUA (cuja sigla em inglês é FBI).

Os Estados Unidos são um dos principais críticos do programa nuclear iraniano e pressionam o país islâmico para que interrompa o processo de enriquecimento de urânio. Desde o começo do mês passado, o Irã está submetido a sanções impostas não só pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas também por Estados Unidos, Canadá e União Europeia.

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