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Um grupo sunita reivindica os atentados que deixaram 27 mortos no Irã

Agência France-Presse
postado em 16/07/2010 09:26
O grupo extremista sunita Yundallah reivindicou nesta sexta-feira, em um comunicado postado em seu site, o duplo atentado de quinta-feira à noite contra uma mesquita xiita no sudeste do Irã, que causou a morte de 27 pessoas e centenas de feridos.

O Yundallah (soldados de Deus), em rebelião armada na província iraniana do Sistão-Baluchistão, afirmou que o alvo dos atentados era a Guarda da Revolução, a milícia ideológica do regime islâmico iraniano, que realizava sua reunião anual em Zahedan, capital da província.

"O Yundallah anuncio ao povo do Baluchistão e ao Irã que esta noite dois de seus filhos, durante uma operação que golpeou o coração da Guarda reunida na mesquita de Zahedan para celebrar o Dia dos Guardiões, enviar para inferno centenas deles", afirma o texto postado no site http://junbish.blogspot.com/.

"Esta operação é uma resposta às atrocidades incessantes do regime no Baluchistão", acrescenta.

Quase 30 morreram e pelo menos 100 ficaram feridas na noite de quinta-feira em dois atentados contra uma mesquita xiita no sudeste do Irã, segundo a agência estatal IRNA. "Duas explosões em frente à mesquita de Jamia, em Zahedan, deixaram mais de 20 mártires e mais de 100 feridos", afirmou Fariborz Rashedi, do serviço de emergência da província do Sistão-Baluchistão.

O vice-ministro do interior, Ali Abdolahi, disse, antes, que se tratava de uma "operação suicida".

A agência iraniana IRNA afirma que houve duas explosões em Zahedan, a primeira delas às 13H50, hora de Brasília, seguida de outra.

Segundo o deputado de Zahedan, Hussein Ali Shahriari, citado pela mesma agência, houve dois atentados suicidas consecutivos - o primeiro deles cometido por um homem carregado de explosivos e disfarçado de mulher. "Ele tentava entrar na mesquita disfarçado, mas foi impedido de fazê-lo" quando foi registrada a primeira explosão, disse Shahriari.

"Quando as pessoas correram para ajudar os feridos, outro homem se fez explodir", acrescentou.

O Sistão-Baluchistão é cenário há dez anos de uma sangrenta rebelião do grupo Yundallah. O atentado mais recente até então reivindicado por este grupo, em outubro de 2009, causou a morte de 42 pessoas, entre elas vários oficiais pertencentes aos Guardas da Revolução, as forças de elite iranianas, em Pishin, localidade próxima da fronteira paquistanesa.

Os rebeldes do Yundallah são sunitas, como parte importante da população da província do Sistão-Baluchistão.

Teerã sempre acusou o Yundallah de ser treinado e armado pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos, de Israel e da Grã-Bretanha, embora, também, por paquistaneses, com o objetivo de desestabilizar o poder central iraniano.

A província é uma das menos seguras do país, devido a ações dos rebeldes, mas também devido ao tráfico de droga procedente do Afeganistão, e de numerosas atividades de contrabando.

A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, condenou os "horrorosos" atentados contra a mesquita xiita. "Condeno nos termos mais firmes os ataques terroristas de hoje, que visaram iranianos em uma mesquita na província do Sistão-Baluchistão", disse Clinton em uma declaração.

"Os Estados Unidos enviam condolências às famílias e aos amigos dos mortos e dos feridos. Também pedem que os responsáveis por este horroroso ataque sejam castigados".

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