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Nicarágua celebra revolução de 1979 consumida na pobreza, mas de bem com os EUA

Agência France-Presse
postado em 16/07/2010 16:10
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, celebra nesta segunda-feira (19/7) o aniversário da revolução de 1979 que acabou com uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina. Mas o país ainda vive em meio à pobreza, com uma frágil democracia, apesar de manter boas relações com Washinton.

O 19 de julho será lembrado com um ato em Manágua, com a participação de dirigentes, ex-guerrilheiros e simpatizantes da governante Frente Sandinista (FSLN, esquerda) que Ortega, de 64 anos, ainda dirige.

Ortega presidiu junto com oito comandantes o governo revolucionário socialista instaurado depois da derrota do ditador Anastasio Somoza, último descendente de uma dinastia de 42 anos que bombardeou cidades, prendeu, torturou e executou milhares de nicaraguenses.

Muitos foram lançados vivos dentro da cratera do Vulcão Mayasa, 20 km ao sul da capital, ou encerrados em celas subterrâneas, em maioria jovens suspeitos de apoiar os rebeldes, sobretudo a partir de 1974, segundo os historiadores.

Quando, em 19 de julho de 1979, as colunas guerrilheiras da FSLN entraram triunfantes em Manágua, o povo foi para as ruas, cheio de esperanças, para festejar a vitória.

Os sandinistas iniciaram processo de transformações políticas e econômicas com reforma agrária, jornadas de alfabetização, abriram espaços de participação, massificaram a saúde e a educação.

"A Revolução teve aspectos positivos" como reduzir o analfabetismo e "a população adquiriu mais consciência dos direitos e maior disposição de participar da vida pública", assinalou o analista político Carlos Tünnermann.

Mas o apoio que a revolução recebeu do extinto bloco socialista gerou conflito com Washington, que impôs um bloqueio econômico e patrocinou os Contra (contrarrevolucionários), transformando a Nicarágua em campo de batalha.

Em 1990, Ortega perdeu as eleições para a direita, deixando o país em ruínas e com cerca de 50 mil mortos.

No governo atual, Ortega conseguiu estabelecer boas relações comerciais e de cooperação militar com os Estados Unidos, sobretudo na luta contra o narcotráfico, paralelamente às críticas que faz ao "imperialismo".

No entanto, prossegue sem cumprir a promessa de tirar os nicaraguenses da pobreza, que afeta a metade dos 5,7 milhões de habitantes, nem superar os índices do desemprego.

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