Paloma Oliveto
postado em 17/07/2010 07:00
A onda de otimismo que invadiu os Estados Unidos após o anúncio de que, pela primeira vez em quase três meses, a empresa British Petroleum conseguiu conter o vazamento de óleo no Golfo do México não convenceu o presidente norte-americano, Barack Obama. Ao comentar a estratégia tecnológica bem-sucedida da BP, ele deixou claro ontem que o problema não será solucionado apenas com a instalação submarina da tampa em formato de cúpula.;É bom que não nos precipitemos;, alertou o presidente, cuja popularidade, em baixa por causa do nível de desemprego e da queda na previsão de crescimento econômico, pode ser beneficiada pela contenção da ;maré negra;. Obama alertou que solução definitiva para a pior catástrofe ambiental dos Estados Unidos é o término da escavação dos dois poços de alívio, que alcançarão mais de 5 mil metros de profundidade. Isso, porém, só deve ocorrer no fim de agosto. ;Um dos problemas é que, quando se vê na câmera submarina que o petróleo está parando de vazar, todo mundo pensa que tudo já acabou, mas não acabou;, disse. O presidente também anunciou que vai ao Golfo do México nas próximas semanas para acompanhar os avanços na contenção.
Embora também cauteloso, o vice-presidente da BP, Kent Wells, mostrou-se animado com os testes de quinta-feira e de ontem. ;É muito bom não ver petróleo vazando no Golfo do México. A companhia está, obviamente, encorajada por isso;, afirmou, em entrevista coletiva transmitida por telefone para a imprensa mundial. ;Mas estamos tentando manter o foco;, completou, referindo-se ao fato de que o aparato tecnológico é apenas um teste com o objetivo de obter dados que permitam uma estratégia final e segura. ;Não quero criar uma falsa sensação de agitação. Queremos ir em frente e tomar as decisões certas.;
Wells informou que a pressão dentro do poço está aumentando, sinal de que não há outros vazamentos. Uma leitura de alta pressão permitiria manter fechadas as três válvulas e selar o poço. Uma baixa pressão, ao contrário, significaria que há uma perda em uma parte do revestimento do poço petroleiro. Caso o mecanismo fracasse, a BP planeja instalar o primeiro de dois poços de emergência para conter definitivamente o vazamento.
Prejuízo
O executivo da BP sabe que a interrupção do vazamento não significa a recuperação da companhia. As ações começaram a subir, mas ainda valem o equivalente a 66% do preço negociado quando a plataforma explodiu, em 20 de abril. Os analistas econômicos preveem um futuro pouco promissor para a petrolífera britânica, que até agora não pagou as contas do estrago. A estimativa é que a BP tenha de desembolsar US$ 70 bilhões e, de acordo com o jornal Financial Times, estaria disposta a vender ativos por US$ 20 bilhões para pagar parte do que foi investido na contenção do vazamento. O periódico econômico também afirmou que já circulam boatos de que a empresa seja vendida.
;A reputação do grupo sofreu danos irreparáveis;, declarou à agência France-Presse o corretor David Loudon, da Redmayne Bentley. Para ele, a gigante de 80 mil funcionários já perdeu o posto que ocupava nos primeiros lugares entre as petrolíferas do mundo. Além da opinião pública, que se voltou contra a empresa diante do desastre ambiental, os profissionais do ramo olham a BP com desconfiança. Empregados terceirizados agora tentam desvincular sua imagem da gigante britânica.