Dois homens-bombas mataram neste domingo (18/7) 46 pessoas no oeste do Iraque, em ataques contra milicianos sunitas que apoiam as forças de segurança na luta contra a Al-Qaeda.
"Quarenta e três pessoas morreram e outras 40 ficaram feridas quando um suicida se explodiu na entrada principal de uma base do Exército, onde membros dos Sahwa iam receber o salário", declarou uma fonte do ministério do Interior. O ataque ocorreu em Radwaniya, ex-reduto da Al-Qaeda, a 25km a oeste de Bagdá.
Logo depois, em Qaim, a 340km a oeste de Bagdá, perto da fronteira com a Síria, outro suicida detonou explosivos em um quartel das milícias Sahwa. Dois milicianos e um policial morreram e seis pessoas ficaram feridas.
Trata-se do atentado mais mortífero no Iraque desde 10 de maio, quando quatro carros-bombas explodiram sucessivamente no estacionamento de fábrica têxtil em Hilla, sul de Bagdá, na hora da saída dos operários. O ataque deixou 53 mortos e 157 feridos.
Criadas no fim de 2006, as milícias Sahwa são formadas por antigos insurgentes sunitas que se voltaram para a luta contra a Al-Qaeda, e foram financiados, num primeiro momento, pelos americanos, sendo uma estratégia que contribuiu para reduzir a violência no país.
Como a polícia e o exército iraquianos, os Sahwa são um alvo constante dos insurgentes, que às vezes realizam campanhas de castigo contra os integrantes.
Dessa forma, em abril passado, rebeldes disfarçados de militares assaltaram um povoado ao sul de Bagdá e mataram 25 pessoas, entre elas milicianos Sahwa, como represália.
As milícias, que contam com 94 mil membros, passaram em janeiro de 2009 para controle do governo de Bagdá, mas os dirigentes se queixam de ter sido abandonados pelas autoridades iraquianas.
Os atentados deste domingo coincidem, além disso, com um momento de crise política no Iraque. Quatro meses depois das eleições legislativas, os partidos iraquianos continuam sem chegar a um acordo sobre a formação do próximo executivo, nem sobre quem deve ocupar o posto de primeiro-ministro, algo disputado pelo atual premiê Nuri al Maliki e o ex-chefe de governo Iyad Allawi.
Em Bagdá e em Washington, inúmeras vozes se levantaram para advertir sobre o risco que supõe este bloqueio político para a segurança do país, onde os grupos armados mantêm a capacidade de atacar com violência.
Assim ficou demonstrando na semana passada, quando pelo menos 70 pessoas morreram em três dias em Bagdá, em vários atentados contra xiitas que pretendiam participar em uma importante peregrinação.
Os atentados ocorrem também em pleno processo de retirada das forças americanas de combate. O contingente americano, atualmente de 74 mil efetivos, ficará reduzido a 50 mil em 1; de setembro.
Em uma entrevista neste domingo, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o país manterá os prazos estipulados para a retirada das tropas do Iraque, apesar da situação desse país. "A segurança iraquiana está sendo proporcionada pelos iraquianos, com nossa assistência. Temos que manter umas 50 mil tropas lá. Traremos para casa uns 95 mil", declarou Biden, reconhecendo as dificuldades que têm os partidos iraquianos em alcançar um acordo de compartilhar o poder, embora garanta que isso não afetará a retirada dos Estados Unidos.