Agência France-Presse
postado em 18/07/2010 18:08
Nova Orleans (EUA) ; A petroleira BP encaminhava-se para finalizar as operações para conter definitivamente a fuga de petróleo no Golfo do México, mas os efeitos da pior mancha de óleo da história dos Estados Unidos afetarão o país durante anos.Pela primeira vez, a petroleira britânica anunciou neste domingo (18/7) a possibilidade de que o poço permaneça fechado até que seja selado definitivamente nas próximas horas, graças à escavação de poços derivados.
Tudo fazia pensar que o poço seria reaberto parcial ou completamente e que o petróleo seria recuperado na superfície depois de um período de testes de alguns dias.
"Esperamos que se os bons sinais continuarem, poderemos continuar com os testes até selar definitivamente o poço danificado", afirmou o chefe de operações da BP, Doug Suttles, em teleconferência de imprensa.
A BP deteve na quinta-feira o vazamento de petróleo pela primeira vez desde o início da catástrofe em 20 de abril, interrompendo o derramamento de milhões de litros de petróleo nas águas do Golfo do México.
"O poço está fechado e a pressão continua aumentando lentamente", o que é "um bom sinal", declarou Suttles no domingo, o 90; dia da catástrofe.
A petroleira continua trabalhando em dois poços de derivação que devem interceptar o poço principal em vários quilômetros debaixo da terra para permitir "matar" definitivamente o vazamento, tapando-o com cimento. Essa operação extremamente complexa e delicada está prevista para o fim de julho ou meados de agosto.
Uma das principais preocupações das autoridades e engenheiros da BP é que até essa data o petróleo comprimido no poço selado por um gigantesco funil não abra brechas e se espanda novamente ao oceano.
A mancha de óleo, criada em 22 de abril depois do naufrágio da plataforma da BP Deepwater Horizon, afeta a vida de todos os habitantes dos estados do sul dos Estados Unidos, como Texas, Louisiana, Mississipi, Alabama e Flórida, que vivem da pesca e do turismo.
"Não sei se isso ajudará. Continua sendo um conserto de curto prazo", disse à AFP um morador de Nova Orleans, o pesquisador médico Ashok Pullikuth.
"O conserto definitivo são os poços de derivação. Esse funil evitou um mês a mais de danos causados pelo vazamento", completou.
O prefeito de Nova Orleans, Mitch Landrieu, disse à emissora de televisão CNN que "seria obviamente uma notícia maravilhosa" se o funil se mantivesse no lugar.
"Devemos estar atentos para que o poço permaneça fechado. Depois, deveremos captar o petróleo rapidamente, limpar a costa, assegurar-se de que todas as famílias fossem recompensadas e depois começar a restaurar os pântanos", advertiu.
A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que entre 2,3 milhões e 4,5 milhões de barris de petróleo tenham sido derramados no mar, dos quais uma parte foi recuperada ou evaporada.
Com 400 espécies em perigo de extinção - da menor bactéria aos caranguejos e tartarugas marinhas - os especialistas estimam que o petróleo já começou a causar impactos no ecossistema.