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Washington Post: o 11/9 gerou um mundo 'top secret' intrincado nos EUA

Agência France-Presse
postado em 19/07/2010 12:48
Os serviços de segurança nacional americanos criados após o 11 de Setembro tornaram-se tão tentaculares, secretos e intrincados que é impossível saber com precisão sua eficácia e sua abrangência, segundo uma vasta investigação divulgada nesta segunda-feira (19/7) pelo Washington Post.

Intitulada "A América secreta demais", a investigação é resultado de dois anos de trabalho no qual participaram vinte jornalistas da respeitada publicação americana. As pesquisas foram iniciadas pelo escândalo Watergate, que causou a demissão do presidente Richard Nixon em 1974.

A investigação indica que, nove anos após os atentados que deixaram quase 3.000 mortos, "o mundo secreto demais que o governo criou tornou-se tão vasto, tão difícil de manobrar e secreto que ninguém sabe quanto custa, quantas pessoas estão envolvidas, quantos programas existem, nem quantos serviços diferentes efetuam a mesma tarefa".

Consequência: após "nove anos de despesas sem precedentes (...) o sistema instaurado para deixar os Estados Unidos protegidos se tornou tão denso que é impossível conhecer sua eficácia".

Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, verdadeiro trauma para a sociedade americana, o governo do presidente George W. Bush lançou o conceito de "guerra ao terrorismo", abandonado depois pelo presidente Barack Obama.

Ilustrado com vários gráficos em diversas páginas, o trabalho do Washington Post será publicado em três partes até quarta-feira e seu primeiro volume, batizado "Um mundo secreto que cresce sem controle", é dedicado à organização desses serviços.

O jornal indica que 1.271 agências governamentais e 1.931 empresas privadas, espalhadas por 10.000 pontos dos Estados Unidos trabalham com programas ligados à luta contra o terrorismo ou com serviços de inteligência.

O dispositivo emprega cerca de 854.000 pessoas, que possuem acesso às informações secretas, e 33 prédios foram construídos ou estão em construção apenas na capital federal Washington.

O Washington Post ressalta que a magnitude desta burocracia leva a redundâncias administrativas. O jornal indica, por exemplo, que 51 organizações federais situadas em 15 cidades diferentes são encarregadas de monitorar a circulação de recursos das redes terroristas.

A enorme máquina de inteligência americana produz relatórios em uma quantidade tão grande -por volta de 50.000 informes por ano- que "muitos deles são simplesmente ignorados".

O jornal lembra que, em razão desses erros, os serviços de inteligência americanos não conseguiram impedir a tentativa de atentado em um voo Amsterdã-Detroit no Natal ou o massacre de Fort Hood, no Texas, que deixou 13 mortos em novembro.

A investigação do Washington Post também possui uma versão ilustrada com vários gráficos interativos na internet. (http://projects.washingtonpost.com/top-secret-america/).

O jornal explica que, em razão da natureza sensível do tema, as autoridades do governo americano foram autorizadas a ter acesso à investigação antes de sua publicação e que algumas informações foram retiradas.

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