Agência France-Presse
postado em 20/07/2010 17:03
A baronesa Eliza Manningham-Buller, ex-chefe do M15, o serviço britânico de inteligência interior, afirmou nesta terça-feira (20/7) que a guerra no Iraque gerou um aumento significativo da ameaça terrorista no Reino Unido.Manningham-Buller, que assumiu a direção do M15 em março de 2002, antes da guerra, explicou que os serviços tiveram dificuldades para fazer frente ao elevado número de ameaças depois da intervenção, em declarações diante da comissão que investiga o envolvimento britânico no conflito.
"Nosso envolvimento no Iraque radicalizou uma geração de jovens - não uma geração inteira, mas alguns dessa geração - que considerou uma agressão contra o Islã, nosso compromisso no Iraque e no Afeganistão", explicou a chefe do M15.
Segundo ela, a guerra permitiu que diversos jovens nascidos no Reino Unido fossem seduzidos pela ideologia de Osama bin Laden e da rede Al-Qaeda.
"Em 2003 e 2004, nos demos conta de que não tínhamos que nos centrar nos estrangeiros. A crescente ameaça provinha de cidadãos britânicos. Era um cenário muito diferente daquele de tentar impedir que as pessoas entrassem" em território britânico, admitiu.
"Recebemos quantidades de informações em grande escala que eram muito superiores àquelas que poderíamos conduzir em termos de complôs, pistas sobre complôs e coisas que tínhamos que acompanhar", admitiu.
Ela também admitiu que a derrubada do presidente iraquiano Saddam Hussein permitiu à Al-Qaeda estabelecer-se pela primeira vez nesse país.
A comissão Chicolt, que leva o nome do presidente, John Chilcot, começou a investigar em julho passado e interrogou diversos responsáveis políticos e militares, entre eles dois ex-primeiros ministros, Tony Blair e Gordon Brown.