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Chávez assume controle do canal Globovisión

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, informou nesta terça-feira (20/7) que o governo assumirá 45,8% das ações da emissora privada Globovisión, muito crítica ao Executivo, já que passará a deter, por diferentes meios, os títulos que estavam nas mãos de dois diretores do canal.

Além disso, o presidente ameaçou revogar a concessão da emissora Vale TV, que foi entregue à Igreja venezuelana antes da chegada ao poder e que deve, segundo Chávez, "retornar ao povo".

Em um ato público transmitido pela televisão, Chávez explicou que Nelson Mezerhane, presidente do Banco Federal, que em junho sofreu intervenção do governo, tem, via essa instituição, "em torno de 20% das ações da Globovisión" e, via outra empresa, outros 5,8%.

"Nos próximos dias, a junta interventora do Banco Federal está obrigada a designar um representante na direção da Globovisión", afirmou Chávez, citando alguns nomes, entre eles os diretores de dois dos programas mais importantes da TV estatal.

Além disso, "há outros 20% das ações da Globovisión que estão no ar" pertencentes a Luis Teófilo Núñez, um dos fundadores do canal, que morreu em 2007, permitindo que agora "isso passe ao Estado".

Então, "25,8% mais 20% dá 45,8%, companheiro", comemorou o presidente entre risadas e aplausos. O restante das ações da Globovisión estão divididas entre acionistas minoritários. "Ninguém vai dizer que estamos expropriando. Não, nós estamos nos incorporando ao negócio", completou Chávez.

Nos últimos dias, Chávez insinuou que o governo poderá "recuperar" também as ações de Guillermo Zuloaga, presidente da Globovisión, sobre quem pesa uma ordem de prisão por crime de "usura" e se encontra fora do país.

A Globovisión responde a vários processos e foi ameaçada de fechamento em diversas ocasiões pelo governo Chávez, que qualifica certos meios de comunicação de "terroristas midiáticos". Chávez garante que tais ações não têm a ver com a linha editorial do canal crítico ao governo.

Em discurso, o presidente venezuelano voltou a criticar a Igreja venezuelana, especialmente o arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa Savino, que lamentou recentemente o rumo que o governo está tomando.

Segundo Chávez, o ex-chefe de Estado venezuelano Rafael Caldera "violando um conjunto de procedimentos, entregou à hierarquia eclesiástica um canal de televisão". "E agora eu digo que revisemos isto e coloquemos esse canal sob a ordem do povo, das comunidades. Que seja do povo e não do cardeal".

Em 2007, o governo venezuelano revogou a concessão da rede RCTV, uma das mais populares do país, cujos diretores foram acusados de golpistas.