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EUA já admitem receber ex-presos políticos cubanos

Diplomatas se reúnem com familiares e explicam sobre visto. Regime promete novas libertações

postado em 21/07/2010 08:25
Berta Soler e as outras ;damas de branco; ; mulheres e irmãs de prisioneiros políticos ; estiveram ontem na Seção de Interesses de Washington em Havana (Sina). Após se reunirem com as autoridades norte-americanas, saíram de lá com notícias animadoras. O governo dos Estados Unidos ofereceu aos dissidentes libertados pelo regime cubano a possibilidade de obterem vistos de imigrantes. No mesmo dia, o presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, garantiu que seu país está pronto para libertar mais prisioneiros, além dos 52 já anunciados. De acordo com uma porta-voz da Sina, o órgão ;vai oferecer atenção individual, caso a caso, sobre perguntas, opções e mecanismos para entrar nos EUA aos familiares de presos e a outras pessoas;. Onze anistiados já receberam abrigo da Espanha e nove outros ex-presos deveriam chegar a Madri ainda ontem.

Horas depois de retornar do encontro na Sina, Berta falou ao Correio por telefone e elogiou a decisão da Casa Branca. ;O governo dos EUA não mantém as portas fechadas para nenhum preso ou opositor que deseje recorrer ao programa de refugiados;, afirmou a mulher do operário Ángel Juan Moya Acosta, condenado a 20 anos de cárcere em 2003. ;Os prisioneiros libertados não precisarão esperar 10, 15 ou 20 anos, como aguardam as demais pessoas que participam desse programa;, acrescentou.

Damas de branco, entre elas Berta Soler (E), diante da representação dos EUA em Havana: nova opção de asiloA ativista, uma das fundadoras do movimento Damas de Branco, relatou que os diplomatas norte-americanos lhe explicaram os procedimentos para a obtenção do visto. No entanto, Berta não pensa em deixar a ilha socialista. ;Meu marido quer continuar a luta que começou antes de ser preso. Se em algum momento ele desejar sair do país, escolherá a nação que desejar;, comentou, ao criticar a postura do governo espanhol, que não permitiu ;escolhas; aos libertados.

Permanência
Em visita a Genebra, Alarcón disse que ;está muito claro, a partir das discussões, que o desejo do governo (cubano) é libertar todas as pessoas, sob a condição de que não tenham sido acusadas de assassinato;. O parlamentar acrescentou que os anistiados podem até mesmo permanecer em Cuba, se desejarem ; o caso de Ángel Acosta se encaixa nessa situação. ;O acordo (firmado com a Igreja Católica e com a Espanha) afirma que eles poderiam viajar para o exterior. Mas, em Cuba, há pessoas que foram soltas da prisão muitos anos atrás e que ficaram em suas casas;, comentou.

Também por telefone, o jornalista e psicólogo Guillermo Fariñas ; dissidente que realizou uma greve de fome de 135 dias ; afirmou à reportagem que ;é preciso esperar; a transformação do anúncio de Alarcón em atitude. ;É uma boa decisão. Há pessoas que não cometeram atos violentos, estão em prisão política e desejam a liberdade;, lembra. Apesar de também elogiar a nova postura norte-americana em relação à concessão de asilo a ex-prisioneiros, Fariñas faz um alerta. ;É essencial que o governo em Cuba compreenda que o fundamental é abolir as leis que impeçam as pessoas a se manifestarem;, reclama.


FIDEL VOLTA A DISPARAR MUNIÇÃO CONTRA AMERICANOS
O ex-presidente e líder cubano Fidel Castro chamou os mais altos círculos de líderes ;imperiais; dos Estados Unidos de ;piratas; sem ética, que usam a ;violência e o saque;. As críticas fazem parte de uma carta escrita por ele e divulgada ontem pela imprensa oficial. ;Sou político e gosto de fazer essas comparações;, disse, ao comentar poema Canción del pirata, do poeta espanhol Espronceda, que nasceu em 1808 e morreu aos 34 anos, em 1842. ;O poema encerra uma ideia ética. Pirata é a palavra geralmente empregada para descrever a violência, o saque e a conquista, pela força, dos bens alheios;, comentou.

Berta Solar, co-fundadora do movimento cubano Damas de Branco e mulher de um prisioneiro político (em espanhol)

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