Agência France-Presse
postado em 21/07/2010 21:25
O ex-preso político cubano Ariel Sigler, que é paraplégico e foi libertado em junho, partirá em 28 de julho para os Estados Unidos para receber tratamento médico, depois de receber das autoridades cubanas permissão para viajar, informou uma fonte da oposição hoje (21/7).Sigler "viajará na próxima quarta-feira, primeiro vai sozinho", disse a opositora Martha Beatriz Roque à AFP.
Roque explicou que o dissidente, de 46 anos, a visitou em casa na quarta-feira, após fazer a reserva da passagem aérea para os Estados Unidos.
A opositora disse que Sigler, que sofre de doenças crônicas como polineuropatia e problemas digestivos e renais, "receberá tratamento médico no Jackson Hospital de Miami".
Na véspera, o governo de Cuba autorizou Sigler a viajar aos Estados Unidos, depois da mediação do cardeal Ortega, revelou a mulher do opositor.
"Nesta terça-feira deram carta branca a Ariel. Agora, ele só precisa comprar a passagem", explicou à AFP Noelia Pedraza, que informou que o marido ficará "definitivamente" nos Estados Unidos, onde receberá atendimento médico.
"O cardeal me ligou ontem (segunda-feira) e me disse que tinha intercedido por Ariel diante do governo, que eu tivesse paciência que tudo ia se solucionar, e que hoje o Ministério do Interior me ligaria para que eu fosse pegar a permissão, como ocorreu", completou Pedraza.
As autoridades deram a permissão - solicitada há 20 dias - um dia depois deste opositor, de 46 anos, protestar no escritório da Migração de Matanzas (oeste), após ser informado de que teria de esperar 30 dias.
Segundo a família, Sigler gritou, na ocasião, consígnias contra o governo e levantou um cartaz que dizia: "estou morrendo, preciso me curar, e estão negando a minha saída".
O opositor foi libertado em 12 de junho como primeiro resultado de um diálogo entre o cardeal Jaime Ortega e o presidente Raúl Castro, e oito dias depois recebeu um visto humanitário dos Estados Unidos.
Como fruto da mediação da Igreja, o governo começou na semana passada a libertar 52 presos políticos, do grupo de 75 opositores condenados em 2003 - entre eles, Sigler.
Vinte dos 52 aceitaram emigrar para a Espanha, mas alguns não desejam abandonar a ilha ou, como Sigler, querem ir aos Estados Unidos. Por isso, as famílias são entrevistadas pela Sessão de Interesses de Washington em Havana (Sina).