Agência France-Presse
postado em 23/07/2010 15:51
Milhares de mensagens no Facebook, pedidos de entrevistas: Anna Chapman, a estonteante espiã russa detida no fim de junho nos Estados Unidos, continua sendo uma heroína misteriosa na cena midiática, duas semanas depois de seu retorno a Moscou como parte de uma negociação de troca.Apesar de, segundo a tradição, a espionagem ser uma atividade discreta, a já célebre ruiva teve tempo de dar notícias no Facebook, e estaria negociando sua primeira entrevista em troca de remuneração.
Seu papel nesse assunto de espionagem digno da Guerra Fria foi menor, mas Anna Chapman dominou a cobertura midiática graças às revelações de seu ex-marido britânico, e às fotos publicadas na Internet.
A imprensa popular russa a chama de "agente 90-60090", em referência às suas supostas medidas, e até o Washington Post admirou-se com a espiã, à qual se referiu como "the hot one" ("a gostosa").
Anna Champman não foi vista em público desde sua chegada a Moscou procedente dos Estados Unidos em 9 de julho com outros nove agentes estrangeiros entregues por Washington.
Mas apenas algumas horas depois, os amigos de sua página no Facebook descobriram uma mensagem curiosa: "era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos", uma frase de "Um Conto de Duas Cidades", do escritor inglês Charles Dickens (1812-1870).
Antes de sua prisão, Chapman estava no Facebook. A ausência de filtros de segurança sobre sua página permitiu aos jornalistas lerem todas as mensagens da indiscreta espiã.
Desde seu regresso a Moscou, seu perfil no Facebook foi regularmente atualizado e sua lista de amigos aumentou, com diversos jornalistas entre eles.
Em 14 de julho, Anna Chapman publicou uma citação de Eleanor Roosevelt, sobrinha do presidente americano de mesmo sobrenome: "toda experiência que nos obriga a enfrentar os medos nos torna mais fortes, corajosos e confiantes. Você se torna capaz de dizer: sobrevivi a esse horror. Posso suportar outras coisas que vierem".
Diversos internautas lhe escreveram mensagens de apoio. Chapman respondeu "gosto disso" à mensagem de uma mulher de nome Cordelia, que na terça-feira escreveu: "você faz falta na Big Apple", em referência a Nova York, onde vivia a jovem espiã de 28 anos até sua prisão.
Um homem chamado Jeffrey chamou Chapman de "bela e deliciosa", e um tal de Kevin diz ter sonhado com seus "olhos verdes deslumbrantes".
No Facebook, a jovem aproveitou também para desmentir a informação do New York Post de segunda-feira, que dizia que ela estava buscando "em segredo" conceder uma entrevista em troca de 250.000 dólares.
O jornal popular russo Komsomolskaia Pravda afirmou em sua edição de quarta-feira que Anna Chapman lhe pediu um adiantamento para a entrevista, e que tinha aceitado dar a ela 25.000 dólares.