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Artigo sobre vida sexual de padres gays em Roma causa polêmica

Intitulado de "As loucas noites de padres gays", o artigo propõe "uma viagem na vida dos sacerdotes homossexuais que têm relações sexuais com outros homens

Agência France-Presse
postado em 23/07/2010 16:23
Um artigo sobre a vida sexual de padres homossexuais em Roma recebeu uma resposta rápida da diocese local, que se comprometeu nesta sexta-feira a perseguir "todo comportamento indigno da vida sacerdotal", ao mesmo tempo em que as associações homossexuais denunciavam a "hipocrisia".

"Quem conhece a Igreja de Roma nada conhece do comportamento daqueles que têm uma ;vida dupla;, que não entendem o que é o "sacerdócio católico" e não deveriam tornar-se padres", afirmou a diocese de Roma em um comunicado.

"Ninguém os obriga a continuar sendo padres e a aproveitar apenas as vantagens de sê-lo. Em nome da coerência, deveriam confessar o que fazem. Não queremos causar danos a eles, mas não podemos permitir que sua conduta desonre todos os demais", acrescentou.

O artigo de Panorama, publicado nesta sexta-feira (23) e intitulado de "As loucas noites de padres gays", propõe "uma viagem (com a ajuda de uma câmera escondida) na vida dos sacerdotes homossexuais que têm relações sexuais com outros homens em bares de Roma, no bairro gay ou em suas próprias casas".

A revista semanal, propriedade do grupo Mondadori controlado pelo chefe do governo Silvio Berlusconi, publicou a foto das mãos cruzadas de um padre, com um rosário, e as unhas pintadas de rosa, acompanhada da chamada sensacionalista: "Um jornalista da Panorama viveu em meio aos homossexuais de Roma e, durante quase um mês, presenciou os vícios e perversões de padres, que não levantavam suspeitas, vivendo uma vida dupla".

Ante tais revelações, a diocese de Roma disse estar "decidida a punir com rigor qualquer conduta indigna da vida sacerdotal". Ele ainda citou o Papa Bento XVI, que pede a todos para "não corromper a fé e a vida cristãs, atingindo assim a integridade da Igreja, enfraquecendo a sua capacidade de profetizar e de testemunho, e alterando a beleza de sua face". Questionado pela AFP, o Vaticano contentou-se em reenviar o comunicado da diocese de Roma.

Por sua vez, Aurelio Mancuso, o ex-presidente de Arcigay, principal associação italiana de defesa aos direitos homossexuais, julgou "ridícula" a reação da diocese. "Se os padres homossexuais devem (...) deixar o sacerdócio, uma grande parte da administração da diocese de Roma e das paróquias vai sofrer um golpe repentino e paralisar", ironizou.

Já o dirigente da associação Certi Diritti, Sergio Ravasio, considerou que "é inaceitável que padres, que durante o dia são contra os gays, se entreguem à noite a práticas totalmente contrárias" às suas declarações. Ele também afirmou que existia uma "zona homossexual" dentro do Vaticano.

Essa polêmica ocorre em um momento onde a homossexualidade é tratada dentro da Igreja Católica: o casamento homossexual agora é permitido na Argentina e em Portugal, apesar de sua oposição fervorosa.

Além disso, a relação estabelecida pelo número dois do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, entre homossexualidade e pedofilia, em abril, provocou mais uma controvérsia.

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