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Reportagem sobre suposta vida dupla de sacerdotes romanos arranca críticas do Vaticano

postado em 24/07/2010 10:08
A reportagem de capa da revista semanal italiana Panorama sobre sacerdotes homossexuais movimentou ontem o dia em Roma, provocando grande discussão e arrancando manifestações divergentes da Igreja Católica. Sob o título As loucas noites de padres gays, o artigo sustenta que religiosos da capital italiana manteriam uma espécie de vida dupla, rezando missas de manhã e frequentando baladas à noite. Em resposta, o Vaticano acusou a revista de desacreditar a Igreja, enquanto a diocese local se comprometeu a perseguir ;todo comportamento indigno da vida sacerdotal;.

De propriedade do grupo Mondadori, controlado pelo chefe do governo, Silvio Berlusconi, a revista traz logo na capa a foto das mãos cruzadas de um padre, segurando um rosário e as unhas pintadas de rosa, propondo ;uma viagem na vida dos sacerdotes homossexuais que têm relações sexuais com outros homens em bares de Roma, no bairro gay ou em suas próprias casas;.

Segundo a revista, um repórter, cujo nome não foi divulgado, percorreu a noite romana durante 20 dias e registrou, com uma câmera escondida, o comportamento dos supostos sacerdotes, inclusive durante relações sexuais. Algumas das fotos foram publicadas para ilustrar o artigo.

Em nota, o Vicariado de Roma condenou a revista. ;A finalidade do artigo é evidente: criar escândalo, difamar todos os sacerdotes com base na declaração de um dos entrevistados, segundo a qual 98% dos sacerdotes que ele conhece são homossexuais, e desacreditar a Igreja;, destacou o comunicado. O diretor da Panorama, Giorgio Mul;, rebateu criticas, assinalando que a reportagem é bem documentada. Em declarações ao Il Giornale, ele disse que dispõe do nome completo e do endereço dos padres filmados.

Por sua vez, a diocese de Roma enfatizou estar ;decidida a punir com rigor qualquer conduta indigna; da vida sacerdotal. ;Ninguém os obriga a continuar sendo padres e a aproveitar apenas as vantagens de sê-lo. Em nome da coerência, deveriam confessar o que fazem;, assinalou.

Aurelio Mancuso, o ex-presidente de Arcigay, principal associação italiana de defesa aos direitos homossexuais, julgou ;ridícula; a reação da diocese. ;Se os padres homossexuais devem (...) deixar o sacerdócio, uma grande parte da administração da diocese de Roma e das paróquias vai sofrer um golpe repentino e paralisar;, ironizou.

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