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Argentina deve se manifestar na segunda-feira sobre conflito entre Venezuela e Colômbia

postado em 24/07/2010 17:15
Buenos Aires - Ao contrário dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e José Mujica, do Uruguai, que já se ofereceram como mediadores do conflito entre a Venezuela e a Colômbia, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, tem mantido silêncio em relação ao assunto, provocando estranheza sobre sua atitude. No meio político argentino, comenta-se que ela poderá manifestar-se na próxima segunda-feira, quando receberá o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, que tomará posse no cargo no próximo dia 7 de agosto, substituindo Álvaro Uribe.

Santos iniciará pela Argentina uma série de viagens pela região, que já estavam marcadas antes que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, decretasse o rompimento das relações diplomáticas com a Colômbia na última quinta-feira (22). Enquanto a presidente mantém silêncio sobre a crise na região, seu marido, o secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner, surpreendeu os adversários políticos que o acusam de acumular cargos e de trabalhar pouco no exercício de suas funções, e no mesmo dia em que Chávez cortou relações com a Colômbia iniciou uma série de contatos telefônicos com o objetivo de colocar a Unasul no centro das articulações que possam resolver a crise.

[SAIBAMAIS]Kirchner conversou com o presidente do Equador, Rafael Correa, que exerce a presidência temporária da Unasul, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para trocarem ideias e articularem um conjunto de ações destinadas a reduzir as tensões entre Venezuela e Colômbia. O resultado imediato da atuação de Kirchner e dos presidentes do Equador e do Brasil foi o agendamento de uma reunião entre o secretário-geral da Unasul e Hugo Chávez no próximo dia 5 de agosto. No dia 6, Kirchner conversará com o presidente colombiano Álvaro Uribe, e no dia 7 com Juan Manuel Santos, logo após sua posse na presidência da Colômbia.

De acordo com porta-vozes informais de Néstor Kirchner, as iniciativas tomadas pelo secretário-geral da Unasul são independentes de qualquer posição que venha a ser tomada pelo governo argentino. No círculo diplomático de Buenos Aires, acredita-se que Néstor Kirchner terá mais possibilidades do que Rafael Correa de intermediar a crise já que o presidente do Equador entrou em conflito com Álvaro Uribe em 2008. Na ocasião, tropas colombianas entraram na selva equatoriana, atacaram um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e mataram o guerrilheiro considerado o número dois da organização, Raúl Reyes. Desde então, as relações entre Rafael Correa e Álvaro Uribe não passam de "regulares", segundo diplomatas argentinos.

Néstor Kirchner foi eleito o primeiro secretário-geral da Unasul no dia 4 de maio deste ano, durante reunião extraordinária do grupo realizada em Buenos Aires. Em 2007, na condição de deputado federal, Kirchner encontrou-se com Hugo Chávez e Álvaro Uribe na selva colombiana, chefiando missão internacional que tentou, sem êxito, a libertação de uma refém das Farc, Clara Rojas. Agora, na intermediação do conflito entre Venezuela e Colômbia, Kirchner enfrenta o que já é considerada uma prova de fogo não somente para ele mesmo mas também para a Unasul, grupo composto pelo Brasil, Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Argentina, Paraguai, Uruguai, Guiana, Suriname, Chile e Venezuela.

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