Agência France-Presse
postado em 25/07/2010 15:44
Vestindo uma camisa com o simbólico verde-oliva, Fidel Castro visitou uma cidade próximo a Havana pela primeira vez em quatro anos de doença, o que surpreendeu os cubanos e alimentou a discussão relativa a sua participação na principal festa da revolução."Que surpresa! Eu o vi muito bem, recuperado, corado", declarou à AFP Caridad González, uma trabalhadora agrícola de 49 anos, que disse ter ficado "sem palavras" ao ver Fidel "outra vez com sua camisa verde-oliva", em um vídeo divulgado na noite de sábado pela televisão local.
Para homenagear os rebeldes mortos no frutrado ataque ao Quartel Moncada, que liderou em 1953 contra a ditadura de Fulgencio Batista (1952-58), Fidel Castro visitou no sábado um mausoléu em Artemisa, 60 km a sudoeste da capital, vestido com sua camisa tradicional, mas sem as insígnias de Comandante-em-chefe.
"Com sua camisa verde-oliva de mil batalhas" foi prestar homenagem aos mártires de Moncada, indicou o jornal Juventud Rebelde - único de circulação nacional no domingo-, que publicou quatro fotos da visita em suas páginas internas e outra em sua capa.
Segundo as imagens de televisão, Fidel --com uma boa aparência-- depositou flores nos túmulos dos guerrilheiros que morreram no ataque a Moncada, primeira ação armada da Revolução Cubana, saudou o povo e leu em pé e com fluidez uma mensagem "aos combatentes revolucionários de toda a Cuba".
Foi a sexta aparição pública de Fidel Castro em 17 dias, concedendo uma entrevista à televisão e visitado dois centros de pesquisa. Mas a viagem a Artemisa marcou a primeira incursão fora de Havana desde que sua doença o tirou do poder, em julho de 2006.
Essa aparição, com seu tradicional uniforme, alimentou a discussão sobre se os cubanos poderão ver o Comandante no ato de 26 de julhoo, em Santa Clara -270 km a leste de Havana-, que será liderado por seu irmão, o presidente Raúl Castro, acompanhado pelo mandatário venezuelano Hugo Chávez.
"Vê-lo de verde-oliva depois de quatro anos nos surpreendeu e agora esperamos vê-lo no ato", disse à AFP Roberto Chinea, de 58 anos, presidente da Associação de Pequenos Agricultores.
Desde que sua doença foi revelada em uma celebração de 26 de julho, há quatro anos, Fidel Castro foi visto de pijama, traje esportivo ou camisa quadriculada, mas nunca com seu uniforme verde-oliva, símbolo de seu poder e liderança.
Apesar da possível presença na comemoração de Santa Clara, os cubanos praticamente descartam que o líder comunista, que fará 84 anos no dia 13 de agosto, retorne ao poder apesar de sua notável recuperação.
"Nem falar em um retorno à Presidência. Fidel é um homem doente e velho", comentou Raquel Martínez, uma cabeleireira de 39 anos.
Mas Caridad González afirma que "se vai voltar ou não (ao poder), não tem a menor importância". "A única coisa que importa é que Fidel está aqui", indicou.