Agência France-Presse
postado em 25/07/2010 22:07
BRUXELAS - A União Europeia (UE) aprovará definitivamente, na segunda-feira, sanções de magnitude sem precedentes contra o Irã, com a esperança de obrigar as autoridades iranianas a negociar novamente seu polêmico programa nuclear. A decisão será tomada durante reunião de ministros europeus das Relações Exteriores, em Bruxelas.Não cabe nenhuma dúvida sobre o desenlace, pois os embaixadores dos 27 países da UE já entraram em acordo, na quinta-feira, sobre seu conteúdo. Muitas destas medidas entrarão em vigor a partir de terça-feira.
Estas vão muito além do novo pacote de sanções, adotado em 9 de junho pelo Conselho de Segurança da ONU, destinado a punir o Irã por continuar com suas atividades de enriquecimento de urânio. Muitos países temem que atrás deste programa esteja oculta a intenção de fabricar a arma atônica. O Irã nega e afirma que seu objetivo é puramente civil.
"Será o pacote de sanções mais importante que a UE adotou contra o Irã ou qualquer outro país", destacou um diplomata europeu. A Europa aponta, desta vez, para o setor das indústrias de gás e petróleo. Está prevista a proibição de novos investimentos, assistência técnica e transferência de tecnologias, sobretudo para o refino e a liquefação de gás.
Apesar de o Irã ser o quarto produtor mundial de petróleo, importa até 40% de sua gasolina porque carece de capacidade de refino para satisfazer sua demanda interna. A Agência Internacional de Energia (AIE) já estimou, em um relatório recente, que as sanções internacionais "deveriam reduzir as necessárias importações de gasolina e de outros produtos" petrolíferos para o Irã e "afetar claramente", a longo prazo, o desenvolvimento das indústrias petroleiras e de gás.
O Irã não será o único afetado pelas sanções. Várias empresas europeias também serão punidas, o que complicou as negociações com a UE. "Vários Estados-membros (da UE) tiveram que superar problemas consideráveis, devido a seus interesses econômicos para aprovar o pacote" de sanções, destacou um diplomata. Além da energia, o setor iraniano do transportes de carga, fundamentalmente a companhia marítima IRISL e suas filiais, serão muito afetados e serão intensificados os controles nos portos europeus.
A UE também tem a intenção de restringir as possibilidades de intercâmbios comerciais com o Irã, limitando os créditos à exportação, de ampliar a proibição da atividade dos bancos iranianos e de acrescentar quarenta nomes à lista de pessoas às quais não serão outorgados vistos europeus. Seu principal alvo é a Guarda Revolucionária, exército ideológico do regime.
Estados Unidos e Austrália já tomaram medidas de magnitude similar e o Canadá seguirá seu exemplo. Até mesmo a Rússia, que durante muito tempo esteve mais perto do Irã que dos países ocidentais, acaba de manifestar sua preocupação com o fato de que o Irã esteja agora "perto de ter potencial para equipar-se com a arma nuclear".
Desta forma, a Europa e os países ocidentais esperam convencer o Irã a voltar com eles à mesa de negociações para que aceite delimitar seu programa nuclear. Pressionado, o Irã já parece estar flexibilizando sua posição.
O país anunciou, este domingo, em Istambul, que está disposto a iniciar imediatamente negociações com potências ocidentais sobre os detalhes de uma proposta de intercâmbio de combustível nuclear, feita em maio, após um acordo com Brasil e Turquia, mas que foi rejeitada na ocasião por ser considerada insuficiente.