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Europa espera levar o Irã ao diálogo com novas sanções no setor energético

Agência France-Presse
postado em 26/07/2010 10:58
A União Europeia (UE) adotou nesta segunda-feira (26/7) um novo pacote de sanções contra o Irã, que afetam principalmente seu setor energético, devido ao polêmico programa nuclear da República Islâmica.

"As sanções foram adotadas durante uma reunião dos ministros das Relações Exteriores em Bruxelas", indicaram as fontes.

As novas medidas vão mais longe que as adotadas em 9 de junho pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã por sua negativa de suspender suas atividades de enriquecimento de urânio, que o Ocidente vê como prelúdio para a fabricação da bomba atômica.

"Será o pacote de sanções mais importante que a UE adotou contra o Irã ou qualquer outro país", destacou um diplomata europeu no fim de semana, antes do início da reunião.

Em particular, a UE decidiu proibir qualquer investimento europeu, assistência técnica ou transferência tecnológica no setor do gás e do petróleo.

Apesar de o Irã ser o quarto produtor mundial de petróleo, importa até 40% de sua gasolina porque carece de capacidade de refino para satisfazer sua demanda interna.

Além da energia, o setor iraniano do transporte de carga, por mar ou ar, se verá muito afetado, e serão incrementados os controles nos portos europeus e em alto-mar.

Os intercâmbios comerciais também serão dificultados. Será proibida a atividade de um número maior de bancos iranianos, assim como transações financeiras superiores a 40.000 euros sem uma autorização específica e será ampliada uma lista de pessoas sem direito a solicitar vistos para a Europa.

O principal alvo dessas medidas é a Guarda da Revolução, o exército ideológico do regime.

"Espero que o Irã capte a mensagem. Os países europeus estão abertos à negociação sobre seu programa, mas se ele não responder, intensificaremos a pressão", preveniu nesta segunda-feira o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague.

"As sanções são o instrumento mais importante para persuadir o Irã a negociar e aceitar um rígido marco de supervisão sobre seu programa de enriquecimento de urânio", concordou o titular italiano Franco Frattini.

Frattini disse ter se reunido com seu colega iraniano, Manuchehr Mottaki, à margem da recente conferência de Cabul sobre o Afeganistão. "Ele me disse que está disposto a voltar à mesa de negociações", assinalou.

O Irã não será o único afetado pelas sanções. Várias empresas europeias também serão punidas.

"Vários Estados-membros (da UE) tiveram que superar problemas consideráveis, devido a seus interesses econômicos para aprovar o pacote" de sanções, destacou um diplomata.

Estados Unidos e Austrália já tomaram medidas de magnitude similar e o Canadá seguirá seu exemplo. Até mesmo a Rússia, que durante muito tempo esteve mais perto do Irã que dos países ocidentais, acaba de manifestar sua preocupação com o fato de que o Irã esteja agora "perto de ter potencial para equipar-se com a arma nuclear".

Desta forma, a Europa e os países ocidentais esperam convencer o Irã a voltar com eles à mesa de negociações para que aceite delimitar seu programa nuclear.

Pressionado, o Irã já parece estar flexibilizando sua posição.

O país anunciou, este domingo, em Istambul, que está disposto a iniciar imediatamente negociações com potências ocidentais sobre os detalhes de uma proposta de intercâmbio de combustível nuclear, feita em maio, após um acordo com Brasil e Turquia, mas que foi rejeitada na ocasião por ser considerada insuficiente.

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