Agência France-Presse
postado em 26/07/2010 19:48
Três atentados suicidas com carros-bomba visaram hoje (26/7) o canal via satélite Al-Arabiya, além de policiais e peregrinos na cidade santa xiita de Karbala, fazendo 25 mortos e 63 feridos, informaram fontes de segurança e hospitalares.Pelo menos 21 pessoas foram mortas e 47 ficaram feridas durante o ataque de dois carros-bomba conduzidos por camicases que explodiram por volta das 19h locais (13h, horário de Brasília) no sul de Karbala, 110km ao sul de Bagdá, indicou Salim Kazem, porta-voz dos serviços de saúde da província.
"A maioria das vítimas é de policiais e peregrinos vindos de províncias vizinhas", precisou.
"Estava a 50m do lugar da explosão e vi o primeiro veículo explodir no ponto de controle dos policiais e um outro que seguia o primeiro carro ir para os ares alguns segundos mais tarde", disse à AFP, deitado no leito do hospital, um peregrino de Nayaf, Mohammad Hussein.
Esses ataques ocorreram dois dias antes da celebração do nascimento do profeta Mahdi, o 12; e último imã. Os xiitas, que representam a maioria da população iraquiana, acreditam que ele reaparecerá no dia do Juízo final.
As duas cidades santas do Iraque, Nayaf e Karbala, recebem centenas de milhares de peregrinos para a comemoração do nascimento, em 869, de Mohamad al Mahdi.
Outras quatro pessoas morreram em um atentado suicida com carro-bomba diante dos escritórios do canal de televisão Al-Arabiya, no centro de Bagdá, particularmente detestada pelos jihadistas e que foi alvo de ameaças nas últimas semanas.
"As 9h25 locais (3h25, horário de Brasília) houve uma enorme explosão, todos os escritórios ficaram danificados. Entre os mortos estão os três seguranças e um funcionário do escritório", afirmou Majid Hamid, um jornalista do canal.
Um funcionário do Ministério do Interior, que preferiu não ter o nome divulgado, informou que 16 pessoas ficaram feridas. Entre eles estavam o ex-vice-premier sunita, Salam al-Zoubai, que mora nos arredores e dois guardas.
"Esses são os métodos da Al-Qaeda e seu objetivo é atrair a atenção da imprensa", declarou à AFP o general Qasem Atta, porta-voz do comando militar de Bagdá. "Provavelmente, teve cumplicidade dos guardas", acrescentou.
Já o tenente-coronel Ali Salman, chefe dos especialistas em remoção de minas terrestres em uma região de Bagdá, disse à AFP que se "tratava de uma van branca transportando pelo menos 200kg de explosivos. Ela também conseguiu romper três barreiras e os guardas de segurança da televisão a deixaram passar".
A Al-Arabiya é alvo de sites jihadistas, que a chamam de "Ibriya" (Judia) invertendo duas letras da palavra em árabe. Eles detestam acima de tudo um programa chamado "A Usina da Morte", onde são interrogados antigos membros da Al-Qaeda, em prisão ou em liberdade, que relembram operações do grupo.
Questionado pela AFP nos locais dos atentados, o general Jihad al-Jabbari, chefe dos especialistas em remoção de minas do exército, informou que o explosivo era feito de nitrato de amônio. Segundo ele, a deflagração abriu um buraco de 1,2m de profundidade e 3m de largura.
Em 25 de junho, a cadeia de televisão havia fechado por um dia a redação, situada no bairro de Al-Harithiya, no centro de Bagdá, por causa das ameaças de ataque por parte dos rebeldes.
A Al-Arabiya, que abriu escritório em Bagdá em setembro de 2003, já havia sido alvo de atentados no Iraque.