postado em 27/07/2010 08:34
A duas semanas de ser empossado presidente da Colômbia, o ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos começou a dar sinais de que manterá a promessa de melhorar as relações com o governo do venezuelano Hugo Chávez. O flerte começou com o silêncio: Santos tem evitado dar declarações sobre o rompimento das relações diplomáticas anunciado por Chávez na semana passada, depois que o presidente Álvaro Uribe garantiu ter provas sobre a presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território venezuelano.Outro passo foi dado pelo vice-presidente eleito da Colômbia, Angelino Garzón, ao elogiar uma iniciativa de Chávez. ;Valorizo muito as recentes declarações do presidente Hugo Chávez quando disse à guerrilha colombiana que não tem sentido sua existência;, disse Garzón à rádio equatoriana Quito, recordando que a mesma declaração havia sido feita anos atrás pelo líder cubano Fidel Castro. No sábado, Chávez pediu às Farc que deixassem a estratégia das armas e olhassem o exemplo de chefes de Estado, como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o uruguaio José Mujica, ex-guerrilheiro Tupamaro.
Juan Carlos Echeverri, ministro designado por Santos para a pasta da Fazenda, também demonstrou o interesse do novo governo na reaproximação. Ele anunciou ontem que o objetivo de Santos é restabelecer o mais rápido possível a relação comercial com a Venezuela. Entre as principais medidas, estaria um decreto para permitir a flexibilização dos requisitos para a criação de uma zona franca. ;Essa é uma fronteira muito dinâmica, que significou para o país um tremendo crescimento do comércio que chegou a US$ 6 bilhões;, disse Echeverrí. ;Buscaremos restabelecer a maior parte do comércio que se possa no menor tempo possível, e enquanto isso não acontece, apoiaremos as empresas mais afetadas, com os instrumentos do governo nacional;, completou.
A resposta de Chávez às investidas do futuro governo Santos foi tímida. O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que o consulado da Venezuela na cidade fronteiriça de Cúcuta, na Colômbia, seria reaberto. Por enquanto, analistas creem que Chávez está aproveitando a tensão para recuperar apoio político, cada vez menor depois de uma grave crise energética, uma inflação de 25% ao ano e o aumento da violência urbana. ;Chávez busca aproveitar essa conjuntura com a Colômbia para unir os cidadãos em torno dele;, disse o cientista político José Vicente Carrasquero ao jornal colombiano El Tiempo.