Agência France-Presse
postado em 27/07/2010 15:05
A Justiça britânica rejeitou hoje (27/7) o pedido de extradição para a Sérvia do ex-presidente bósnio Ejup Ganic, detido em março, em Londres, em virtude de uma ordem de prisão por crimes de guerra durante o conflito da Bósnia de 1992-1995.A Sérvia informou que apelará da rejeição do pedido de extradição.
Ejup Ganic, de 64 anos, ex-membro muçulmano da presidência bósnia, durante a guerra e ex-presidente da Federação da Bósnia-Herzegovina, foi detido em 1; de março no aeroporto londrino de Heathrow na aplicação de uma ordem emitida pela Sérvia por crimes de guerra. Em meados de março, foi posto em liberdade sob controle judicial.
A Sérvia acusa Ejup Ganic de ter participado em 1992 da preparação de ataques contra um cassino militar do exército iugoslavo e contra as ambulâncias enviadas ao local. Também o acusa de preparar um ataque a um comboio militar em Sarajevo, que deixou 18 mortos. Ganic nega qualquer envolvimento.
Ao explicar a decisão, o juiz Timothy Workman, do tribunal londrino de Westminster, denunciou um "procedimento aberto e utilizado com fins políticos", o que "constitui um abuso de procedimento".
"Concluí que não há nenhuma justifitiva válida para empreender diligências contra Ganic", declarou o juiz, destacando que duas investigações, uma por parte do Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPI) e outra da promotoria bósnia, "concluíram na falta de provas suscetíveis para apoiar uma acusação de Ganic".
Ejup Ganic sorriu ao ouvir a decisão do tribunal. Os dois filhos aplaudiram e começaram a chorar. "Passei aqui cinco meses da minha vida. Minha única vingança é voltar para a Bósnia para trabalhar com meus filhos, educá-los, ajudá-los a se tornarem líderes mundiais e, ao mesmo tempo, abrir um novo capítulo com a Sérvia", declarou à imprensa Ejup Ganic, ao deixar o tribunal. A família informou que estará em Sarajevo amanhã.