Agência France-Presse
postado em 27/07/2010 16:06
O mundo da tourada espanhol prende a respiração hoje (27/7), véspera de um voto parlamentar que poderá proibir a prática na Catalunha e dar uma vitória histórica aos opositores.O parlamento regional da Catalunha deve decidir amanhã de manhã se vai ou não proibir as "corridas" de touros na região do nordeste da Espanha, como pede uma "iniciativa legislativa popular" (ILP).
As últimas pesquisas pareciam indicar que a maioria dos 135 parlamentares catalães pendia para a proibição das touradas, um golpe para a tradição secular espanhola.
Em caso de sucesso da ILP, a Catalunha se tornará a segunda região do país a proibir a prática, depois das Ilhas Canárias que o fizeram em 1991, além de possivelmente promover um contágio a outras regiões onde a tourada é permitida.
Simpatizantes e opositores estavam mobilizados nesta terça-feira, aguardando a disputa que promete ser acirrada.
Essa virou uma "questão política" na região onde "a ideia é extinguir tudo o que for espanhol", clamava o editor do diário madrileno El Mundo (direita).
Esse foi um tema recorrente nos últimos dias na imprensa conservadora, que vê na possível proibição uma vontade de revanche dos políticos catalães, depois de uma recente decisão do Tribunal Constitucional que retirou certos aspectos do estatuto de autonomia da região.
A liberdade de voto foi dada especialmente aos 37 parlamentares socialistas pelo presidente regional socialista José Montilla, uma vez que um voto socialista contra a proibição, inicialmente, poderia sem dúvida garantir uma rejeição da ILP.
Mas os opositores à "corrida", cada vez mais numerosos na Catalunha e apoiados por poderosas organizações internacionais de defesa dos animais, relembram que essa tradição está perdendo força na região, onde apenas a Praça Monumental de Barcelona continua a organizar touradas.
A votação ocorre em um contexto complicado para o setor "taurino" na Espanha, que gera cerca de 40 mil empregos e bilhões de euros por ano, e que vem sentindo efeitos negativos desde 2009 por causa da crise econômica.
Inúmeras regiões espanholas, inclusive Madri, anunciaram, assim que se iniciou o debate catalão, intenções de inscrever a tourada como "patrimônio cultural", com o objetivo de proteger a tradição. Ainda assim, os contra ganham espaço.
É preciso defender a liberdade de escolha e essa "paixão comum" cultural franco-espanhola, que "ninguém tem o direito de proibir", afirmou nesta terça-feira ao jornal La Razon o toureiro francês Juan Bautista (Jean-Baptiste Jalabert).