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Espanha: opositores dizem que proibição à tourada tem caráter político

Agência France-Presse
postado em 28/07/2010 15:31
Reação antiespanhola ou uma simples rejeição à crueldade contra os touros? A Espanha foi tomada pelo debate hoje (28/7) sobre a proibição das touradas decidida pelos deputados catalães, acusados de querer apagar da Catalunha uma tradição espanhola.

[SAIBAMAIS]A acusação partiu dos círculos conservadores, que veem nessa decisão um reflexo revanchista após a rejeição no fim de junho, pelo Tribunal Constitucional, de parte do novo estatuto ampliado de autonomia da Catalunha.

É "uma ofensiva nacionalista, uma provocação e uma vingança", afirmou Jaime Mayor Oreja, deputado do opositor Partido Popular (PP, direita) e ex-ministro do Interior.

A proibição da Festa Nacional Espanhola "nada tem a ver com proteção do meio ambiente nem com os maus-tratos dos animais", mas busca "romper laços entre a Catalunha e o resto da Espanha", afirmou a presidente regional de Madri, Esperanza Aguirre.

Todos os deputados do partido separatista catalão ERC e 32 dos 48 representantes do partido nacionalista moderado CiU votaram a favor da proibição da tourada na Catalunha a partir de 2012.

Os defensores franceses das corridas somaram nesta quarta-feira as vozes a essa tese. André Viard, presidente do Observatório Nacional das Culturas Taurinas, afirmou que se trata de "um problema político, não taurino". "São os partidos separatistas que votaram pela abolição."

No entanto, esse tema foi cuidadosamente evitado durante o debate no parlamento que precedeu a votação: os adversários das corridas citaram a "crueldade" e a "barbárie" do espetáculo, enquanto os partidários pediram "liberdade" de escolha para os amantes dessa tradição "cultural".

Diversos especialistas estimaram que o voto de quarta-feira não foi nada além de uma consequência lógica do desapego progressivo do público das corridas na Catalunha, onde apenas a "Monumental" de Barcelona continua organizando festas.

Enquanto protestavam contra os "políticos" catalães, Simon Casas, o mais espanhol dos empresários taurinos franceses, reconheceu que essa proibição não é uma "grande perda" em uma região onde as touradas tradicionais praticamente desapareceram.

As organizações de defesa dos animais expressaram "euforia" depois dessa decisão, mostrando esperança de um efeito de contágio no resto do país, algo considerado pouco provável por especialistas.

Vários líderes do governo socialista criticaram a vontade da oposição de "politizar" essa votação e alimentar assim o conflito "identitário" entre Barcelona e Madri.

"Creio que é uma decisão tomada pela Catalunha. Podemos concordar ou discordar, mas acredito que deveríamos deixar essa questão no âmbito de uma decisão que não tem conotações políticas, mas outro tipo de conotação. Não deveríamos politizar essa decisão", disse o ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, mostrando desacordo com a proibição.

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