Mundo

BP e vítimas de vazamento frente a frente na primeira audiência sobre maré negra

Agência France-Presse
postado em 29/07/2010 17:46
A BP estará frente a frente hoje (29/7) com as vítimas do vazamento de petróleo no Golfo do México, na primeira audiência judicial dedicada ao caso.

As audiências em Boise, Idaho, examinarão se as queixas apresentadas pelos cerca de 200 demandantes podem ser reunidas em caso único no âmbito daquele que é considerado o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

Uma decisão sobre o tema é aguardada para dentro de duas semanas após essa audiência, mas a sessão dará aos advogados uma oportunidade para testar os argumentos que irão apresentar durante os procedimentos legais, que poderão durar anos.

O professor de Direito Richard Nagareda explicou à AFP que ao fim dos procedimentos perante os sete juízes federais do Painel Multidistrital de Litígio (MDL, na sigla em inglês) poderia-se, em tese, escolher enviar um caso único a qualquer corte federal americana.

Mas "o painel pode muito bem se inclinar a um juiz radicado no entorno da Costa do Golfo", disse Nagareda, professor da Universidade de Vanderbilt.

A audiência reunirá um largo espectro de pessoas e atores ligados ao desastre, provocado pela explosão, em 20 de abril, da plataforma "Deepwater Horizon", da BP, que matou 11 pessoas e provocou o naufrágio da plataforma dois dias depois.

Ao lado da BP está a Transocean, que alugou a plataforma para a gigante petroleira britânica, e a Cameron International, que fabricou o "Blow-out Preventer" (BOP), válvula que deveria ter fechado o duto danificado, mas não funcionou apropriadamente.

Entre os demandantes estão as famílias dos 11 trabalhadores mortos na explosão, bem como pescadores da região do Golfo, cujo trabalho foi prejudicado pela contaminação do pescado provocada pelo vazamento.

Os juízes do painel devem consolidar as queixas dos demandantes por motivos práticos, mas os observadores darão grande atenção ao local escolhido pelo painel para acolher o caso e por qual juiz.

Richard Arsenault, advogado dos demandantes, disse que as aguardadas audiências pré-julgamento devem ser tomadas em Luisiana, o estado do Golfo mais próximo ao local onde estava a plataforma.

Normalmente, afirmou, o painel levaria em consideração o volume de casos e a acessibilidade às testemunhas, entre outros fatores, para decidir o foro. "Nesse caso, no entanto, suspeito que a experiência do jurista será a crítica e os outros fatores serão secundários", disse à AFP.

Nagareda concordou, ressaltando que o painel provavelmente também buscaria um juíz sem potenciais conflitos de interesse. "Acredito que o painel tomará muito cuidado em escolher um juiz sem ligação profissional ou financeira com a indústria do petróleo. Dessa forma, a imparcialidade será inquestionável", declarou.

As audiências de hoje ocorrem ao fim de uma difícil semana para a BP, que anunciou na última terça-feira a substituição do diretor-executivo, Tony Hayward, por Bob Dudley, um americano, na tentativa de consertar a reputação, arranhada nos Estados Unidos após o desastre.

A empresa também anunciou uma perda trimestral de US$ 16,9 bilhões depois de reservar US$ 32,2 bilhões para cobrir custos associados com o acidente.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação