Agência France-Presse
postado em 30/07/2010 15:41
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha mais antiga desse país, propôs ao presidente eleito, Juan Manuel Santos, dialogar para buscar uma saída política ao conflito armado, em um vídeo divulgado hoje (30/7)."O que estamos propondo hoje, mais uma vez, é conversarmos (...). Continuamos empenhados em buscar saídas políticas. Desejamos que o futuro governo reflita, que não engane mais o país", disse Alfonso Cano, máximo chefe das Farc, em um vídeo datado de julho de 2010, filmado nas montanhas da Colômbia.
Cano, chefe do estado-maior central das Farc desde 2008, quando o fundador da guerrilha, Manuel Marulanda "Tirofijo", morreu por causas naturais, propôs discutir o acordo militar que o país firmou com os Estados Unidos, autorizando às tropas americanas o uso controlado de sete bases no território colombiano.
"Temos que conversar. Falaremos da falta de dignidade que representa ter na Colômbia sete bases com tropas militares dos Estados Unidos. (...) Esse ponto precisa ser tocado", advertiu Cano na gravação.
O chefe guerrilheiro também propôs abordar temas ligados aos direitos humanos, ao direito internacional humanitário, aos "prisioneiros de guerra", à propriedade de terras, assim como o modelo político e econômico.
Santos, do partido da U (direita), e que assumirá a presidência em 7 de agosto por um período de quatro anos, foi ministro da Defesa do atual presidente Alvaro Uribe, e neste cargo realizou os mais duros golpes contra as Farc.
Entre essas ações destacam-se o resgate da ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt, mais três americanos e onze policiais, em 2008, e o bombardeio de um acampamento das Farc no Equador, no qual morreu o então número dois das Farc, Raúl Reyes, nesse mesmo ano.
O vídeo das Farc divulgado nesta sexta-feira, apresentado em três partes e com uma duração de mais de meia hora, foi divulgado pela revista Resistência, que tem um blog na Internet, e que, segundo o ministério da Defesa colombiano, é um órgão de difusão dessa guerrilha.
A revista Resistência tem também um canal no site YouTube, onde foram montados os três capítulos do vídeo.