Agência France-Presse
postado em 31/07/2010 11:34
Moscou - Dezenas de milhares de bombeiros russos lutavam neste sábado com a ajuda do Exército contra os incêndios florestais que deixaram trinta mortos e arrasaram povoados no oeste do país, atingido por uma onda de calor sem precedentes.
[SAIBAMAIS]Com mais de 120.000 hectares em chamas e centenas de focos de incêndio disseminados por milhares de quilômetros, a amplitude da catástrofe é tamanha que o governo decidiu, de acordo com o Ministério de Situações de Emergência, mobilizar quase 240.000 homens e 25.000 veículos, incluindo 226 aviões e helicópteros.
"É uma verdadeira catástrofe natural que só acontece a cada 30 ou 40 anos", considerou neste sábado o presidente russo Dmitri Medvedev ao receber o registro do ministro da Defesa Anatoli Serdiukov sobre os esforços dos militares.
O Kremlin mobilizou o Exército na sexta-feira frente à extensão dos incêndios, agravados durante os últimos dias pelo vento.
As autoridades não divulgaram um registro oficial, mas, segundo a televisão pública Rossia, neste sábado à tarde havia 28 mortos e mais de 3.000 pessoas desabrigadas.
A AFP, baseando-se em diferentes fontes locais, contabiliza mais de 30 mortos.
O fogo é mais forte nas regiões do centro e da bacia do Volga, a leste e a sudeste de Moscou.
Segundo o canal Rossia, os habitantes das imediações de Togliatti, cidade de quase um milhão de habitantes situada cerca de 1.000 km a sudeste de Moscou, "se preparam para uma evacuação", atentos à espessa nuvem de cinzas que se eleva dos bosques próximos.
Na sexta-feira, 2.000 pessoas foram retiradas de suas casas em um povoado próximo dessa cidade, segundo a agência Ria-Novosti.
A Rossia exibiu imagens de pinheiros transformados em bolas de fogo. Também era possível ver bombeiros perdidos em meio às chamas apesar do apoio dos moradores e dos aviões que lançavam água sobre as casas.
"O bosque ficou em chamas por causa do vento. Parecia que ia chegar em nossas casas, então liguei a bomba (de água) de minha cisterna. A casa do meu vizinho pegou fogo e começamos a apagá-lo, mas o fogo se espalhou pela casa, depois para aquela, e para aquela outra", contou, em pé sobre as ruínas fumegantes um morador dos subúrbios de Voronej (600 km a sudeste de Moscou).
Nessa região, quase 10.000 crianças que estavam em colônias de férias tiveram que ser evacuadas, segundo a agência Itar-Tass.
Em Nijni Novgorod, 440 km a leste da capital, o aeroporto proibiu aterrissagens devido à fumaça e às cinzas que estavam no ar e que também complicam o uso de aviões no combate às chamas.
Para os próximos dias, os serviços meteorológicos preveem seca e altas temperaturas de até 40 graus Celsius em algumas regiões.
Apesar das previsões desfavoráveis, os serviços de socorro adotam medidas preventivas e o uso da aviação permite "manter a situação sob controle", ressaltou o Ministério russo de Situações de Emergência em um comunicado.
Um porta-voz do ministério declarou, entretanto, à agência Interfax que a região de Moscou é a única que registrou uma diminuição do número de focos de incêndios e que a situação continua sendo "difícil" nas regiões do centro, do Volga e dos Urais, onde em 24 horas mais 30.000 hectares foram destruídos.