Agência France-Presse
postado em 01/08/2010 16:55
BUENOS AIRES - A crise entre Colômbia e Venezuela marcará o ritmo das conversações políticas durante a Cúpula do Mercosul prevista para os dias 2 e 3 de agosto, na cidade argentina de San Juan.O conflito "não é o tema da agenda" da 39; Cúpula do Mercosul, mas "os presidentes mantêm diálogos sobre todos os temas" regionais, disse na sexta-feira o chanceler argentino, Héctor Timerman, durante entrevista coletiva.
É possível que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assista ao encontro do Mercosul, segundo funcionários argentinos, em um momento crucial da crise e quatro dias antes do líder colombiano, Alvaro Uribe, entregar seu mandato a Juan Manuel Santos.
A tensão cresceu na sexta-feira, quando Chávez enviou tropas à fronteira com a Colômbia diante do que considerou "uma ameaça de guerra" por parte do governo Uribe, que descarta qualquer ação militar contra a Venezuela.
Chávez rompeu relações com Bogotá após a Colômbia denunciar na Organização dos Estados Americanos (OEA) a presença de mais de 1.500 guerrilheiros colombianos no território venezuelano.
A Venezuela está em processo de adesão como membro pleno do Mercosul, bloco integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, tendo Chile e Bolívia como países associados.
Após a conclusão da Cúpula, na tarde de terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua colega argentina, Cristina Kirchner, manterão em San Juan uma reunião para analisar as relações bilaterais.
Lula e Kirchner tentam mediar a crise entre Colômbia e Venezuela, do mesmo modo que o secretário-geral da Unasul, Néstor Kirchner, ex-presidente e marido da Cristina.
A agenda oficial da Cúpula prevê a apresentação, na segunda-feira, de um relatório da Argentina sobre "o processo de integração regional em seus diversos aspectos".
O documento, elaborado durante os seis meses de presidência argentina no Bloco, destaca que no período foi obtido "o relançamento das negociações com a União Europeia com o objetivo de alcançar um acordo de associação entre as duas zonas".
O governo argentino estima que na Cúpula de San Juan também se estabelecerá "a eliminação da dupla tributação com a tarifa externa comum e o mecanismo de distribuição da renda aduaneira", após mais de cinco anos de negociações entre os membros do Bloco.
Dos quase 200 artigos do código aduaneiro, "há apenas dois que ainda não obtiveram consenso, os 99% restantes estão acertados", disse Alfredo Chiaradía, secretário argentino de Negociações Econômicas Internacionais.