Agência France-Presse
postado em 02/08/2010 15:56
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou hoje (2/8) a formação de comissão de quatro membros, com a participação de um representante israelense e um turco, para investigar o ataque israelense a uma frota que levava ajuda humanitária a Gaza, em 31 de maio, no qual morreram nove passageiros turcos.O chefe da ONU disse que o grupo de especialistas, presidido pelo ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia, Geoffrey Palmer, secundado pelo atual presidente colombiano Alvaro Uribe - que conclui o mandato em 7 de agosto -, iniciará as tarefas em 10 de agosto; a entrega de um primeiro informe está prevista para meados de setembro.
As identidades dos integrantes israelense e turco não foram reveladas.
Ban Ki-moon, que agradeceu a Israel e Turquia pelo " espírito de compromisso e cooperação", explicou que a comissão vai elaborar recomendações que permitam "prevenir incidentes similares no futuro".
A decisão de Israel de apoiar a comissão foi inesperada. Durante semanas, o país havia insistido em não cooperar com uma investigação internacional, preferindo fazer uma enquete interna.
"Israel nada tem a esconder", disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. "É de interesse nacional do Estado de Israel assegurar que a verdade dos fatos sobre o incidente com a flotilha saia à luz em todo o mundo e esse é exatamente o princípio que estamos promovendo", acrescentou.
A Turquia recebeu com aprovação tanto a investigação da ONU quanto a decisão de Israel de cooperar com a comissão, disse uma fonte do governo de Ancara nesta segunda-feira à AFP. "Desde o começo, a Turquia exige uma comissão internacional patrocinada pela ONU para investigar a incursão. (...) Por iniciativa da Turquia na ONU, nos Estados Unidos e na Europa, Israel acabou aceitando cooperar com a comissão", declarou a fonte, que pediu para não ter o nome divulgado. "Trata-se de decisão muito importante para a Turquia", destacou. "Essa comissão representa um passo significativo para a reparação da injustiça sofrida pela Turquia nesse ataque", acrescentou.
Uma flotilha internacional de ajuda humanitária que tentava romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza foi atacada em 31 de maio por comandos israelenses, deixando nove cidadãos turcos mortos.
O incidente motivou uma profunda crise nas relações entre Israel e Turquia, que eram bons aliados.
Ancara exigiu desculpas de Israel, assim como a indenização a famílias das vítimas e o levantamento do bloqueio contra a Faixa de Gaza.
Israel disse que os membros do comando agiram depois de terem sido agredidos.