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Reabertura de investigação sobre filha do ex-presidente Fujimori agita Peru

Agência France-Presse
postado em 05/08/2010 18:09
A reabertura de uma investigação contra Keiko Fujimori para conhecer a procedência do dinheiro que permitiu a ela estudar nos Estados Unidos durante o mandato do pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, causou grande agitação no Peru, onde ela é candidata à presidência com boas chances de se eleger em 2011.

A procuradora-geral peruana, Gladys Echaíz, se dispôs ontem (4/8) a investigar Keiko Fujimori e os três irmãos por suposta cumplicidade no enriquecimento ilícito atribuído ao pai, que governou o país na década passada.

Após ser notificada da investigação, Keiko Fujimori reagiu com irritação e disse que se trata de "um complô e o início de uma campanha de descrédito contra minha candidatura presidencial, à qual se está prestando a procuradora Echaíz".

Ela acrescentou que há um mês o procurador Jaime Schwartz arquivou uma investigação sobre o mesmo tema e, por isso, considera que a nova gestão é perseguição política estimulada "pelo avanço do fujimorismo".

A procuradora Echaíz respondeu afirmando que a investigação que ordenou "não tem nenhuma intenção política, eleitoral ou de outra índole, mas se registra dentro dos aspectos técnicos jurídicos da instituição".

Fontes da Procuradoria-geral que pediram para ter a identidade preservada disseram à AFP que a investigação realizada pelo procurador Schwartz teve falhas e por isso Echaíz decidiu reabri-la.

Keiko Fujimori e os irmãos, Kenji Gerardo, Hiro Alberto e Sachi Marcela estudaram em universidades de Boston, Nova Iorque e Kansas.

Segundo meios de comunicação, esses estudos são o calcanhar de Aquiles dos irmãos Fujimori, devido a que, de acordo com essas fontes, as despesas estimadas em US$ 350 mil dólares não poderiam ter sido pagas com o salário do pai, quando ele exercia a presidência, que não passava dos US$ 800 dólares mensais.

Um dos argumentos contra os quatro irmãos é o depoimento de Vladimiro Montesinos, ex-braço direito do ex-presidente, que declarou a um promotor, em 2001, que mandava US$ 20 mil mensais aos Estados Unidos para pagar os estudos de Keiko e os irmãos com recursos do serviço de inteligência que chefiava.

Keiko Fujimori disse que várias vezes manifestou que os estudos foram custeados pela venda de uma casa que o pai tinha em um bairro residencial de Lima.

A investigação gerou várias reações, como a do presidente da Suprema Corte de Justiça, Javier Villa Stein, segundo quem "há que se ter muito cuidado, principalmente quando se trata de candidatos à presidência", embora tenha dito que tem as melhores referências sobre a procuradora Echaíz.

O presidente do Conselho de Ministros, Javier Velásquez, disse que a investigação "é um excesso" e que os argumentos jurídicos apresentados pela defesa de Fujimori "é sólida".

Organismos de direitos humanos saudaram a decisão da promotora Echaíz, considerando-a acertada.

Diversas pesquisas situam Keiko Fujimori nos dois primeiros lugares nas preferências do eleitorado frente às eleições presidenciais de abril de 2011, ao lado do atual prefeito de Lima, Luis Castañeda.

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