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Lista dos EUA inclui Cuba e Irã

Os Estados Unidos causaram surpresa e indignação com sua lista de países que apoiam o terrorismo. Washington manteve na relação Irã, Sudão, Síria e Cuba, mas excluiu a Coreia do Norte, mesmo depois de apelos feitos pelo Congresso. Os deputados queriam que o regime comunista de Pyongyang voltasse a figurar no relatório anual do Departamento de Estado sobre terrorismo, devido ao torpedeamento de uma corveta sul-coreana, em março último, e à realização de testes nucleares, em 2009. A diplomacia americana, porém, considerou que o afundamento da corveta não foi uma ação terrorista, mas um ;ato de provocação;.

O informe estima que 11 mil atentados foram cometidos em 83 países, no ano passado, causando a morte de 15.700 pessoas. O Departamento de Estado apontou a atuação da rede Al-Qaeda no Paquistão e de suas ;filiais; na África e no Iêmen como a maior ameaça terrorista aos EUA. O elogia a cooperação do Sudão, mas destaca que ;elementos terroristas inspirados pela Al-Qaeda; e ligados ao Hamas permaneceram no país em 2009. A mesma acusação foi feita à Síria, que Washington acusa de abrigar membros do Hamas, da Jihad Islâmica e da Frente de Libertação da Palestina - Comando Geral (FPLP-CG). O Irã continua sendo citado como ;o principal sustentáculo do terrorismo;, acusado de apoiar o Hamas nos territórios palestinos, o Hezbollah no Líbano, os talibãs no Afeganistão e milícias xiitas no Iraque.

Quanto a Cuba, a diplomacia americana afirmou que o país dá apoio ao grupo separatista basco ETA e abriga guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN, também colombiano), ambos listados como ;organizações terroristas;. O anúncio atropelou a visita a Brasília do chanceler cubano, Bruno Rodríguez. Ele ressaltou que três horas antes da divulgação da lista tinha mencionado a jornalistas, depois de encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ;a disposição de diálogo com os EUA para negociar problemas bilaterais pendentes;, mas ;sem trauma; para a soberania cubana.

Diante do novo cenário, o chanceler cubano manifestou aos jornalistas presentes no Itamaraty seu desagrado. ;Quero rechaçar energicamente que se inclua Cuba na lista dos países patrocinadores de terrorismo internacional. É um ato injusto e de hipocrisia; por parte de uma nação que ampara terroristas;, protestou. ;O único avião de passageiros destruído em pleno voo como resultado de um ato terrorista era cubano;, afirmou, recordando o atentado praticado em 1976 por Orlando Bosch e Luis Posada Carriles. ;Os autores passeiam alegremente por Miami;, completou.