Agência France-Presse
postado em 06/08/2010 11:35
As graves inundações que devastam o noroeste do Paquistão se agravaram nesta sexta-feira (6/8) e submergiram o coração agrícola do país, provocando a evacuação de meio milhão de pessoas no sul, num momento em que a vizinha Índia também se vê afetada pelas fortes chuvas.A catástrofe que golpeou o noroeste do Paquistão há uma semana deixou até agora um saldo de 1.500 mortos e quatro milhões e meio de desabrigados, segundo as Nações Unidas. As chuvas torrenciais devastaram localidades inteiras, provocando a fúria da população contra um governo considerado ineficaz.
Segundo Nadeem Ahmad, presidente da autoridade paquistanesa de gestão de emergências, a metade dos desabrigados se encontra no noroeste, e a outra metade da província central de Pendjab.
As autoridades da província do Sind (sul), a mais povoada do país, anunciaram a iminência de graves inundações na região agrícola de Kacha, nas margens do rio Indo.
As operações de evacuação começaram na quinta-feira nas regiões mais afetadas da província. "Nosso objetivo é evacuar pelo menos 500.000 pessoas que vivem nos onze distritos mais vulneráveis", indicou o ministro responsável pela irrigação no Sind, Jam Sifula.
Mais ao norte, no Pendjab, milhares de pessoa fugiam de suas aldeias inundadas, caminhando descalças na água, sob chuvas torrenciais, com seus bens amontoados sobre burros e carroças.
As autoridades de Pendjab temiam especialmente que uma ruptura em algumas represas próximas à cidade de Kot Addu, uma zona já transformada em um lago gigante por causa das chuvas.
"Todos estes povoados se encontram atualmente em perigo. Importantes obras de infraestrutura se encontram ameaçadas", assinalou Manzoor Sarwar, chefe da polícia do distrito de Muzaffargarh, ao anunciar a evacuação dos habitantes da zona.
Como medida de precaução, as autoridades suspenderam certas operações em algumas das centrais elétricas de Kot Addu e do noroeste, ameaçando uma parte do fornecimento de energia do país, que produz 80% da eletricidade que necessita.
O chefe da Agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitário (UNOCHA) no Paquistão, Manuel Bessler, se referiu à situação como uma "catástrofe maior".
Os Estados Unidos prometeram uma ajuda de 35 milhões de dólares às vítimas das inundações e indicaram que seis de seus helicópteros militares participam nas missões de resgate.
Muitas organizações de caridade muçulmanas, algumas delas suspeitas de ter vínculos com grupos armados islamitas, também se mobilizaram nas zonas afetadas.
As fortes chuvas na região também provocaram inundações na vizinha Índia.
Oitenta e oito pessoas morreram e centenas ficaram feridas nas inundações provocadas pelas fortes chuvas em Leh, principal cidade da região de Himalaya de Ladakh, no norte da Índia, conforme anunciou o ministro local do Turismo, Nawang Jora.
As chuvas caíram durante a noite, danificando casas e prédios governamentais. O aeroporto de Leh foi fechado.
O balanço pode ser ainda mais dramático porque não se tem acesso a muitas zonas, e há dezenas de desaparecidos, segundo o ministro.
"Até agora, não há nenhum turista entre as vítimas, mas alguns estão bloqueados no caminho entre Leh e Manali. Enviamos o exército para ajudar as equipes de socorro".
Ladakh é uma região montanhosa de maioria budista situada no sudeste da Caxemira de maioria muçulmana. Esta região atrai inúmeros turistas.