Agência France-Presse
postado em 06/08/2010 16:24
A juíza Elena Liberatori, de Buenos Aires, ordenou hoje (6/8) a mudança da denominação das ruas e sítios públicos que levem nomes de funcionários ligados à ditadura na capital argentina, atendendo a uma ação da organização Mães da Praça de Maio.Ela também exigiu do Parlamento, que as modificações sejam efetuadas antes do fim de 2011.
"Em nenhum caso, ruas ou logradouros públicos (...) deverão receber nomes de autoridades que tenham exercido função por atos de força contra a ordem constitucional e o sistema democrático", disse Liberatori na sentença, com base na lei 83 da cidade de Buenos Aires.
"Las callecitas de Buenos Aires tienen ese no se qué...", (as ruazinhas de Buenos Aires têm esse não se o quê, numa tradução livre) - diz o famoso tango "Balada para un loco" de Astor Piazzolla. E é assim, como nessa estrofe, que nos sentimos em relação a essas denominações de ruas, citou a magistrada.
Para citar um exemplo, há, inclusive, uma com o nome do ex-ditador José Félix Uriburu, quem comandou o primeiro golpe de Estado da Argentina em 1930, numa via do bairro portenho de Pompeya, no sul da capital argentina.
Os presidentes de fato Eduardo Lonardi e o sucessor Pedro Eugenio Aramburu, artífices do golpe de Estado que derrotou Juan Domingo Perón em 1955, têm os nomes gravados em várias praças de Buenos Aires.
Aramburu foi sequestrado e executado, em 1970, pela dissolvida organização armada Montoneros (peronistas de esquerda).
Também são homenageados com nomes de logradouros numerosos ministros ou militares de regimes de fato entre as 2,2 mil ruas ou avenidas de Buenos Aires, de três milhões de habitantes.
A ditadura de 1976-1983 deixou 30 mil desaparecidos, mas os protagonistas não viraram nomes de ruas.