postado em 06/08/2010 20:46
Ruanda vai às urnas na próxima segunda-feria (9/8) para escolher o presidente pela segunda vez desde o massacre étnico que marcou o país em 1994. Paul Kagame, que voltou do exílio para dirigir o país depois do genocídio que matou 800 mil integrantes das etnias Tutsi e Hutus moderados, concorre à reeleição pela segunda vez.Os 10 milhões de ruandenses viram os ganhos médios triplicarem desde que ele chegou ao poder. A saúde se tornou universal. Para o Banco Mundial, Ruanda é hoje um dos cinco melhores destinos de investimento na África ; a expectativa é de que ao menos se repitam os 6% de crescimento anual da economia. Doadores internacionais elogiam o combate à corrupção ; a mais baixa do Leste Africano, de acordo com a organização Transparência Internacional.
Entretanto, grupos de defesa dos direitos humanos como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch dizem que a obsessão pela ordem fez de Ruanda um estado autoritário. Dois jornais deixaram de circular em abril por ordem do governo. Pré-candidatos da oposição foram presos sob acusação de pregarem a ideologia do genocídio. Integrantes da oposição apareceram mortos. E o número de pessoas pedindo asilo nos países vizinhos cresceu no início deste ano, alegadamente para fugir de perseguições políticas e por medo de serem alvo de ataques na eleição.
Falando à imprensa internacional, a ministra de assuntos externos Louise Mushikiwabo disse que ;há um nível de excitação e até tom de campanha contra; somente porque se trata de Ruanda. ;É triste porque pinta um quadro do país que é realmente tendencioso;.
Um em cada três ruandenses sofre de estresse pós-traumático por causa do massacre de 1994. Desde a independência, em 1962, não houve uma única eleição em que não houvesse episódios de violência entre Tutsis e Hutus.
Durante um comício na zona rural na semana passada, Kagame e o partido RPF reuniram cerca de 200 mil pessoas, segundo a polícia. Já o oposicionista Partido Liberal não conseguiu juntar mais de mil pessoas em uma das últimas manifestações.
Na primeira vez que concorreu à reeleição, em 2003, Kagame recebeu mais de 90% dos votos. As pesquisas mostram que o resultado pode se repetir na segunda-feira.