Agência France-Presse
postado em 07/08/2010 13:48
O líder cubano Fidel Castro apareceu de uniforme verde-oliva neste sábado (7/8) no Parlamento pela primeira vez desde que deixou o poder há quatro anos devido a uma enfermidade.
A sessão legislativa extraordinária, transmitida ao vivo por emissoras de rádio e televisão, com a presença da imprensa estrangeira, foi solicitada por Castro para falar do perigo de uma guerra nuclear se Estados Unidos e Israel atacarem o Irã.
De pé na tribuna, Castro disse que o presidente dos Estados Unindos, Barack Obama, teria que assumir "sozinho" a ordem de começar um conflito nuclear, mas que "não o fará se estiver conciente disso".
No dia 26 de julho passado, o pai da Revolução cubana declarou que solicitaria a reunião para advertir sobre a iminência de uma guerra nuclear envolvendo os Estados Unidos, o Irã e Israel.
Trata-se da primeira participação de Fidel Castro, que festejará 84 anos no dia 13 de agosto, numa sessão parlamentar desde a grave doença que o acometeu no final de julho de 2006, obrigando-o a ceder o poder a seu irmão Raul.
Desde que Fidel Castro se afastou do poder, sua cadeira permaneceu vazia nas sessões parlamentares.
Nos últimos tempos, Fidel Castro, dedicou-se, durante a convalescença, a escrever "reflexões" sobre a atualidade e suas memórias.
Em texto publicado no site Cubadebate.cu, Fidel Castro, intimou na terça-feira o presidente Barack Obama a evitar a guerra nuclear "apocalíptica" que desatará caso ordene um ataque ao Irã.
"O senhor deve saber que está em suas mãos oferecer à humanidade a única chance real de paz. Só em uma ocasião o senhor poderá fazer uso de suas prerrogativas ao dar a ordem de atirar", declarou Fidel.
"Compreendo que não se pode esperar, nem o senhor daria nunca uma resposta rápida. Pense bem, consulte seus especialistas, peça opinião sobre o assunto a seus mais poderosos aliados e adversários internacionais", expressou, após qualificar a situação de "apocalíptica".
No domingo, o chefe de Estado-Maior conjunto dos Estados Unidos assegurou que um plano de ataque contra o Irã está preparado para o caso de Teerã se equipar com arma nuclear.
"Peço-lhe que se digne a ouvir este apelo que, em nome do povo de Cuba, lhe transmito. Não me interessam honras, nem glórias. Faça-o! (...) A pior de todas as variantes será a guerra nuclear, que já é virtualmente evitável. Evite-a", concluiu.
Cuba está sob o embargo americano há 48 anos e não possui, como o Irã, comme relações diplomáticas formais com os Estados Unidos. Cuba e o Irã figuram, além disso, junto com o Sudão e a Síria, na "lista negra" americana de países que apoiam o terrorismo.