Agência France-Presse
postado em 09/08/2010 14:25
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel agiu de acordo com o "direito internacional" durante o ataque a uma flotilha de ajuda a Gaza, durante seu depoimento nesta segunda-feira (9/8) perante uma comissão de investigação israelense."Estou convencido de que, ao final da investigação, ficará comprovado que o Estado de Israel e o exército israelense agiram de acordo com o direito internacional", disse Netanyahu.
"Confio nos membros do exército israelense e todo o Estado de Israel está orgulhoso" de seus soldados, acrescentou.
Nove cidadãos turcos morreram no ataque de um comando da marinha israelense contra a embarcação "Mavi Marmara", parte de uma flotilha humanitária que navegava em águas internacionais tentando romper o bloqueio mantido por Israel sobre o território palestino de Gaza.
O mandato da comissão, bastante limitado, consiste em determinar a legitimidade, de acordo com o direito internacional, do bloqueio marítimo imposto por Israel a Gaza e do ataque à flotilha, assim como dos atos dos participantes e dos organizadores da expedição marítima.
Presidida pelo juiz aposentado da Suprema Corte Yaakov Tirkel, a comissão é formada oficialmente por cinco membros, todos israelenses. Participam também dois observadores internacionais sem direito de voto: Lord Trimble, ex-primeiro-ministro protestante da Irlanda do Norte, e Ken Watkin, ex-advogado geral do exército canadense.
Netanyahu afirmou os soldados israelenses dispararam porque "sua vida de fato estava em perigo", e indicou que o comando recebeu ordens para evitar ao máximo a perda de vidas.
[SAIBAMAIS]O premier também justificou o bloqueio à Faixa de Gaza, controlada pelo movimento radical islâmico Hamas desde 2007. Segundo Netanyahu, o território se tornou "um enclave terrorista apadrinhado pelo Irã, que presta ajuda política, militar e econômica".
"Uma vez que esta comissão trata a questão do direito internacional, o Hamas é culpado de pelo menos quatro crimes de guerra: convocar ao genocídio, disparar sistematicamente contra alvos civis, usar civis como escudos humanos e proibir a Cruz Vermelha de visitar Gilad Shalit", soldado israelense mantido refém pelo movimento islâmico, destacou Netanyahu.
O primeiro-ministro israelense criticou também o governo turco e os organizadores da flotilha por terem se recusado a descarregar a ajuda humanitária que carregavam em um porto situado fora da Faixa de Gaza.
No dia 12 de julho, uma comissão militar israelense havia reconhecido que o exército cometera "erros" no planejamento e execução do ataque, mas justificou o recurso à força.
O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, e o chefe do Estado Maior, Gaby Ashkenazi, comparecerão à comissão para depor, respectivamente, na terça e na quarta-feira.