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Sem experiência política, o astro Wyclef Jean concorrerá à Presidência do Haiti

postado em 10/08/2010 07:53
;Se eu fosse presidente, seria eleito na sexta-feira, assassinado no sábado e enterrado no domingo. (;) Em vez de gastar bilhões com a guerra, posso usar aquele dinheiro para alimentar os pobres.; Em 2008, ao compor a canção intitulada Se eu fosse presidente, o rapper haitiano Wyclef Jean provavelmente não tinha a séria pretensão de um dia chegar ao cargo máximo de seu país. Dois anos ; e principalmente o terremoto devastador de 12 de janeiro passado ; foram suficientes para mudar a mentalidade do músico.

;Eu gostaria de dizer ao presidente Barack Obama que os Estados Unidos têm Obama e o Haiti tem Wyclef Jean;, afirmou, no último dia 6, ao preencher o registro de candidatura para as eleições presidenciais de 28 de novembro. Nas ruas de Porto Príncipe, cartazes com a frase ;Jen Kore Jen; (;Os jovens apoiam os jovens;, em crioulo) já dão o tom da campanha de Wyclef. ;Ele é uma estrela do hip-hop e não se importa em dizer que é haitiano, aonde quer que vá;, orgulha-se Steve P;dre, funcionário de uma empresa de telefonia na capital, em entrevista pela internet.

Wyclef Jean cumprimenta haitianos, antes de assinar o registro da candidatura: da música ao palácioWyclef Jean provavelmente não imaginava que seu nome aglutinaria tanta paixão, mas também tanta polêmica. Pras Michel, seu ex-companheiro na banda Fugees, avisou que apoiará o rival Michel Martelly nas eleições. ;É oficial, as pessoas estão pedindo isso. Estou aqui no ;umbigo; do Haiti, eu endosso Michel Martelly como novo presidente;, escreveu Pras, no microblog Twitter. ;Eu quero dizer que, sem sombra de dúvidas, amo Wyclef até a morte, mas ele não está qualificado para ser o líder do novo Haiti;, assegurou. Em recente entrevista à TV CNN, por sua vez, o ator norte-americano Sean Penn lembrou que o rapper tem se ausentado do país devastado pelo tremor de 7 graus na escala Richter. ;Não estou acusando-o de ser oportunista; eu nem conheço o homem. Uma das razões para as quais eu não sei muito sobre Wyclef é que não tenho visto ou escutado qualquer coisa dele nos últimos seis meses em que estive no Haiti;, criticou Penn, que tem se engajado na ajuda humanitária às vítimas do sismo.

Esperança
O que muito se pergunta é se Wyclef, desprovido de experiência política, teria condições de governar o Haiti em um histórico momento de fragilidade. O estudante Marc Alain Louis Jacques, 20 anos, acredita que sim e pretende votar nele. ;Wyclef será um bom presidente. Além de ter ajudado muito o Haiti, ama meu país;, afirmou ao Correio, pela internet, o morador de Porto Príncipe. ;Ele não tem experiência, mas receberá ajuda de políticos;, acredita. Jacques crê que o popstar haitiano pode fazer bastante como presidente. ;Ele vai criar universidades, hospitais e lutar pelo desenvolvimento;, prevê.

O ator Sean Penn pensa diferente e chegou até a acusar Wyclef de desviar US$ 400 mil em doações para o Haiti, por meio de sua Yéle Haiti Foundation. ;Ele alega que não fez isso. Isso é algo a se analisar;, afirmou Penn. ;Eu estive lá (no Haiti). Sei o que US$ 400 mil fariam pela vida daquelas pessoas;, acrescentou. O astro de Hollywood disse que o rapper parece ter sido bem influenciado pela promessa de apoio de algumas empresas. ;O Haiti é claramente vulnerável. Há uma história de interesses norte-americanos entrando (no país) e pagando mal a população;, desabafou.

Personagem da notícia
Talento e inteligência

Nel Wyclef Jean nasceu em 17 de outubro de 1972, em Croix-des-Bouquets, a 13km de Porto Príncipe. O pai, o pastor Gesner Jean, mudou-se com a família para o Brooklyn, em Nova York, quando Wyclef tinha apenas nove anos. ;Quando eu fui para a América, esperava ver dinheiro caindo do céu;, disse, certa vez. Já em Newark (Nova Jersey), a mãe presenteou-lhe com uma guitarra, na esperança de afastá-lo das gangues da cidade. Na escola, aprendeu a tocar 15 instrumentos e assimilou conceitos do negócio da música. Com o primo Prakazrel Pras Michel e a amiga Lauryn Hill, Wyclef começou a compôs canções no estilo hip-hop. Formaram o trio Tranzlator Crew e assinaram pela primeira vez com uma gravadora ; a Ruff House/Columbia ;, em 1993.

Problemas legais por causa do nome da banda levaram os amigos a rebatizá-la para Fugees (uma contração de Refugees, refugiados, em inglês). O casamento com Pras Michel e Lauryn Hill terminou em 1997, quando Wyclef começou sua carreira solo. Desde então, lançou seis álbuns próprios. Em 2005, criou a Yéle Haiti Foundation, uma entidade que já conseguiu bolsas estudantis para milhares de crianças haitianas. Em 2007, conheceu a cantora baiana Daniela Mercury e convidou-a a participar de uma de suas músicas.

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