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Oposição no México defende legalização das drogas, mas governo é contra

O debate sobre a legalização de algumas drogas no México para tirar poder dos cartéis, cuja violência já fez 28 mil mortos, somou hoje (10/8) as vozes de dois partidos da oposição favoráveis à medida, enquanto o presidente Felipe Calderón questionou novamente a eficácia.

Jesús Ortega, líder do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD, terceira força no Congresso) e Arturo Escobar, coordenador, no Senado, do Verde Ecologista (PVEM, quarta força) apoiaram a descriminalização de algumas drogas em um fórum sobre política de segurança convocado por Calderón.

"É preciso tirar valor do negócio das drogas. Isto se consegue, pelo menos o mostra a experiência internacional, com a sua legalização", disse Ortega.

O senador Escobar, do PVEM, sugeriu que "se deveria pensar em legalizar a maconha", a droga de maior consumo e que gera maiores lucros nos Estados Unidos e no México.

No entanto, Beatriz Paredes, líder do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por mais de 70 anos, e tem a maioria relativa no Congresso, controla a maior parte dos governos estaduais e cuja postura seria determinante, evitou o debate.

"O tema da legalização das drogas é um instrumento de polarização", limitou-se a afirmar Paredes, questionando o fato de que esse tipo de fórum possa se traduzir em estratégias concretas.

A legalização de algumas drogas tem sido debatida no México desde pelo menos 2005, com episódios de diferente intensidade.

Na semana passada, o debate sobre o tema ressurgiu, justamente com uma proposta de organizações não-governamentais e de intelectuais, nos primeiros fóruns convocados por Calderón.

No debate, organizações como o México Unido contra a Delinquência o apresentaram como um mecanismo para enfraquecer o poderio dos cartéis das drogas, o qual reside nos lucros milionários do mercado negro de entorpecentes.

No fim de semana, o ex-presidente Vicente Fox, do PAN, entrou na discussão, se pronunciando a favor da legalização, com a mesma tese.

Na última terça-feira, Calderón rejeitou novamente esses argumentos porque disse legalizar as drogas no México não privaria os cartéis mexicanos dos lucrativos ingressos se não for adotada uma medida similar em nível mundial.

"Pensemos hipoteticamente que se acaba o mercado negro (...), mas se não se legalizar (os entorpecentes) no mundo ou pelo menos nos Estados Unidos é absurdo porque o preço das drogas não está determinado pelos mexicanos, está determinado pelos consumidores em Los Angeles, Nova Iorque, Chicago ou Texas", disse.

O fórum com os partidos é parte dos debates iniciados há uma semana com setores sociais sobre a estratégia contra o narcotráfico, cujas ações são cada vez mais violentas desde que Calderón assumiu o poder, em dezembro de 2006, e declarou uma guerra aos cartéis contra os quais mobilizou 50 mil militares.

O debate prosseguirá amanhã e na quinta-feira com um evento no qual participarão os governadores dos 32 estados que formam a federação.