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Santos e Chávez selam reatamento

Colômbia e Venezuela restabelecem relações diplomáticas e acertam o passo no combate à guerrilha das Farc

postado em 11/08/2010 08:40
Um comunicado conjunto divulgado pouco depois das 18h no Balneário de Santa Marta, no Caribe colombiano, anunciou o reatamento de relações entre Colômbia e Venezuela ; a missão à qual se tinham proposto os presidentes Juan Manuel Santos, empossado em Bogotá no último sábado, e Hugo Chávez, que havia rompido os laços no último dia 22. Reunidos desde o início da tarde na Quinta de San Pedro Alejandrino, última residência do libertador Simón Bolívar, os dois governantes acertaram a formação de cinco comissões de trabalho, uma delas encarregada de monitorar a atividade da guerrilha colombiana na fronteira, pivô da crise diplomática. De acordo com Santos, o visitante teria assumido o compromisso de impedir a presença de rebeldes em território venezuelano.

;O presidente Chávez me garantiu que não vai permitir a presença de grupos armados em seu território. Acredito que esse é um passo importante para que nossas relações se mantenham sobre bases firmes;, afirmou o anfitrião, que celebrava também o 59; aniversário. ;Não vamos permitir que fofocas nos coloquem outra vez para brigar;, respondeu o presidente venezuelano. Os termos do reatamento foram acertados ao longo de um almoço requintado ; ceviche, lagostas ao molho de ervas, lombo com pimenta e arroz de coco ;, seguido pela reunião a dois. A chanceler María Ángela Holguín teve encontro paralelo com o colega venezuelano, Nicolás Maduro, e por fim reuniram-se os quatro com o secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner.

O anfitrião Santos (E) recebe Chávez (D) na última residência de Simón Bolívar: crise diplomática afetou comércio bilateralO governo brasileiro, que tinha sido comunicado sobre o provável reatamento na noite anterior, quando Santos telefonou para o colega Luiz Inácio Lula da Silva, reagiu prontamente por meio de nota divulgada pelo Itamaraty. ;O Brasil saúda a decisão também pela importância do diálogo entre Caracas e Bogotá para o avanço da integração sul-americana;, diz o texto, que manifesta ;grande satisfação; e renova a oferta de seguir cooperando para a reaproximação dos vizinhos, ;por meios bilaterais e no âmbito da Unasul;.

O novo presidente colombiano deixou entrever que os interesses econômicos (1)e comerciais pesaram significativamente na superação do impasse, deflagrado por denúncia de seu antecessor, Álvaro Uribe, à Organização dos Estados Americanos (OEA). Os atritos entre Uribe e Chávez provocaram desde 2009 o congelamento do comércio bilateral, que movimenta US$ 7 bilhões anuais, com prejuízo imediato de ambos os lados da fronteira: no ano passado, a corrente de comércio caiu para US$ 1 bilhão, e a Colômbia registra 20 mil desempregados em regiões de fronteira. ;Estamos identificados, Chávez e eu, com a necessidade básica de promover o bem-estar de nossos povos;, afirmou Santos.

Segurança máxima
Os dois presidentes se reuniram sob a vigilância de 1,5 mil policiais e militares colombianos e mais de 100 seguranças venezuelanos. Desde a chegada de ambos a Santa Marta, a disposição de ;virar a página;, como expressou o visitante, era evidente. ;Colômbia, venho ratificar-lhe meu amor, o amor de um bolivariano. Viemos com a vontade, com o coração à frente, para começar pacientemente a reconstruir que foi derrubado;, disse Chávez. ;Contamos com muitos recursos para reconstruir as boas relações. Queremos construir a paz entre nós, custe o que custar;, prosseguiu. Santos prometeu fazer tudo o que estivesse ao alcance: ;Buscaremos que as relações melhorem cada dia mais. Peço a Deus e ao libertador (Bolívar) que nos inspirem;.


1 - Dívida à mesa

A chanceler colombiana, María Ángela Holguín, e o colega venezuelano, Nicolás Maduro, tiveram um encontro paralelo aos dos presidentes. Entre os ministros, um dos temas mais importantes, segundo a anfitriã, foi a busca de um mecanismo que possa fazer a Venezuela pagar a exportadores colombianos uma dívida de US$ 800 milhões pendente desde julho de 2009, quando Hugo Chávez rompeu as relações comerciais com o vizinho. ;Está entre os primeiros pontos da agenda. Mais que o restabelecimento de relações, buscaremos o pagamento dessa dívida, que é prejudicial para os empresários que trabalham com a Venezuela;, destacou Holguín.

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