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Fidel Castro faz 84 anos

Agência France-Presse
postado em 12/08/2010 14:26
O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, faz 84 anos nesta sexta-feira, recuperado de uma grave doença que o afastou do poder em 2006 e em grande atividade pública, centrada na política internacional, sem nenhuma disputa de comando com o irmão Raúl.

Castro, que havia cedido o poder depois de ter governado 48 anos, retornou há um mês ao primeiro plano com uma energia impensável de alguém que esteve entre a vida e a morte, obcecado em alertar para o risco de uma guerra nuclear, e afastado dos problemas domésticos.

"A mim, cabe dizer as coisas e alertar para os acontecimentos para que cada um decida (...) ", disse nesta semana, em entrevista a jornalistas venezuelanos.

A série de aparecimentos em público foi coroada com sua presença no Parlamento há cinco dias, em meio a interpretações sobre divergências ou rivalidade com seu irmão e até sobre um governo compartilhado de tarefas claras: Raúl decidiria e se ocuparia de Cuba, Fidel aconselharia e se encarregaria das questões internacionais.

Por ocasião da crise de saúde que sofreu em julho de 2006, Fidel delegou o poder a Raúl, renunciando formalmente em fevereiro de 2008. Mas conserva o poderoso cargo de primeiro secretário do governante Partido Comunista.

Raúl, que disse consultar o irmão sobre decisões importantes, empreendeu algumas mudanças para mitigar a crise econômica e os apertos da vida diária, embora mais lentas e tímidas do que o esperado pela população - a mais recente delas uma abertura à pequena iniciativa privada.

Opositores, analistas e um setor de cubanos veem na melhora de Fidel um atraso nas reformas, mas Raúl, de 79 anos, descartou uma "luta de tendências", dizendo que a "união é, hoje, mais sólida do que nunca".

De qualquer forma a presença do Comandante já fala por si só. O retorno à vida pública começou no dia 7 de julho, em pleno anúncio de libertação de 52 presos políticos.

"É para desviar a atenção", dizem o opositor Manuel Cuesta e a blogueira Yoani Sánchez; "um aval" segundo o dissidente Guillermo Fariñas, que fez 135 dias de greve de fome para exigir essas 52 libertações.

Durante a convalescença, Fidel Castro abriu um pouco sua intimidade ao mostrar-se em sua casa e com a família, e passou progressivamente a exibir-se de pijama, roupa esportiva, camisa quadriculada, até voltar, novamente, ao simbólico uniforme verde-oliva, embora sem as insígnias militares.

Mas ninguém acha que voltará ao poder. "Suas atividades não param, mas está dirigido a outra coisa. Raúl é quem deve segurar as rédeas", disse à AFP Rosa, uma costureira de 59 anos.

Nestes quatro anos escreveu 290 artigos publicados na imprensa local, a maioria sobre temas internacionais e contra Washington e, os últimos, com sua visão apocalíptica sobre um iminente ataque americano ao Irã.

"Está tratando de reafirmar os principais pilares da revolução: o antiamericanismo e o internacionalismo (apoio ao Irã), opinou o analista Jaime Suchlicki, diretor do Instituto de Estudos Cubanos da Universidade de Miami.

Castro se ocupa também em repassar a história. Saiu à venda seu primeiro livro de memórias, "La victoria estratégica", sobre a luta guerrilheira, e no qual se descreve como um "rebelde" desde criança.

Uma das poucas figuras da Guerra Fria ainda vivo, às vezes se refere aos russos como "soviéticos" e considera que o socialismo do século XXI, promido pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, é o comunismo de Karl Marx.

Fidel Castro é visto pela esquerda mundial como paradigma de solidaridade e justiça e, por seus adversários, como um "ditador" que restringiu liberdades e submeteu os cubanos à penúria.

O boato sobre sua morte apareceu inúmeras vezes, mas seus inimigos se conformaram em esperar, não sem impaciência, seu desaparecimento natural.

Nascido na remota aldeia oriental de Birán, terceiro de sete filhos de um imigrante espanhol e uma camponesa cubana, Fidel Castro chegou ao poder ao derrotar o ditador Fulgencio Batista em 1; de janeiro de 1959.

Protagonizou episódios como a crise dos mísseis em 1962, a expansão da guerrilha na América Latina e sobreviveu à invasão americana da Baía dos Porcos, à queda do bloco soviético e a 11 presidentes dos Estados Unidos.

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