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Colômbia mantém política de guerra

Presidente oferece recompensa por autores de atentado e descarta diálogo com %u201Cterroristas%u201D

postado em 14/08/2010 07:00

Sem saber se o atentado de quinta-feira em Bogotá foi obra da guerrilha esquerdista, da extrema direita ou de cartéis do tráfico, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, prometeu ontem que seu governo ;não repensará sua política; ; que, nos primeiros dias foi acenou para o diálogo e a diplomacia. Ele frisou, porém, que a oferta não é incondicional e qualquer negociação terá como premissa gestos de paz. ;Que libertem os sequestrados, deixem o terrorismo, libertem as crianças que recrutaram à força, deixem a extorsão, deixem de atuar como terroristas. Até que não vejamos isso, a chave (do diálogo) ficará muito bem guardadinha;, afirmou o presidente durante cerimônia militar no departamento do Cauca, no sudoeste do país, o mais afetado nos últimos meses pela guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Santos confirmou que a ordem é ;endurecer, endurecer e endurecer; contra o terrorismo: ;Isso é o que faremos, que é o que tanto deseja o Cauca: que esses terroristas deixem de molestar, de atacar a população;. O ministro da Defesa, Rodrigo Rivera, aproveitou para lembrar que, já no início da semana, o presidente havia desautorizado qualquer iniciativa paralela de diálogo com grupos armados ilegais. ;A resposta é não, obrigado. Nem no exterior(1), nem na Colômbia;, afirmou. ;O governo nacional, quando for oportuno, quando considerar que as circunstâncias foram dadas ; e elas não estão dadas ;, vai tirar a chave do bolso e abrir a porta;, completou.

Rivera revelou que o governo está desenhando uma nova estratégia para recuperar a segurança no Cauca, que tem se mostrado o calcanhar de Aquiles da política de segurança implantada pelo governo anterior, de Álvaro Uribe. ;Demos aos altos comandos (militares) mais uma tarefa imediata de repensar uma estratégia. Eles vão nos passar propostas dentro da lógica de endurecer, endurecer e endurecer, para poder entregar vitórias ao país;, disse o ministro.

O presidente anunciou uma recompensa de 500 milhões de pesos (pouco mais de US$ 270 mil) por informações que permitam chegar aos responsáveis pelo atentado de Bogotá. ;Não sabemos ainda, temos que dizer a verdade, quem foram os responsáveis;, admitiu. Até o início da noite de ontem, o único elemento concreto para os investigadores era a confissão de um cidadão que se apresentou à polícia, se identificou como Gustavo Ladino e admitiu ter recebido 400 mil pesos para falsificar as placas do Chevrolet Swift usado para cometer o atentado, em frente ao prédio da rádio Caracol. Ladino, nega ter sido responsável pela explosão, mas foi imediatamente submetido a interrogatório.

Sindicalista morto
O sindicalista Luis Germán Restrepo, 58 anos, foi assassinado a tiros em Medelin, norte do país. A polícia suspeita que o crime teve motivação política, já que ele defendeu a assinatura do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, combatido pelas Farc. O ex-presidente Álvaro Uribe se manifestou mais uma vez pelo microblog twitter: ;Mataram o operário da fraternidade e um exemplo de líder. Com ele, abrimos a porta para o sindicalismo de participação;.

Gestões em Havana
O ex-presidente cubano Fidel Castro conversou na quinta-feira sobre o conflito armado com a senadora colombiana Piedad Córdoba, que tenta mediar algum tipo de diálogo com as Farc. A televisão cubana mostrou o encontro, em Havana, e divulgou uma mensagem dos dois dirigentes políticos. ;Ambos coincidiram em expressar seu otimismo quanto ao triunfo da paz e a construção de um mundo novo;, diz o texto. A senadora, que fez oposição cerrada à política de guerra total do ex-presidente Álvaro Uribe, acertou com o veterano líder da revolução comunista a promoção de uma nova reunião, amanhã, com ;vários dos principais dirigentes que lutam pela paz na Colômbia;.



Lugo retorna ao Paraguai
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, reagiu bem à primeira sessão de quimioterapia a que se submeteu, na noite de quinta-feira, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde está internado para combater um câncer linfático diagnosticado no último dia 4. Ontem, Lugo ;acordou cedo e sem os tradicionais efeitos colaterais da quimioterapia, tomou café da manhã e caminhou um pouco, com a equipe médica, pelas instalações do hospital;, descreveu o ministro paraguaio da Informação, Augusto dos Santos.

Com previsão de embarcar às 10h (11h em Brasília) de hoje para o Paraguai, Lugo deve cumprir a agenda deste fim de semana, que inclui uma reunião com o presidente do Uruguai, José Mujica, e participação no encerramento do IV Fórum Social das Américas, no domingo. O oncologista brasileiro Frederico Costa pode viajar com o paciente, ;mais por atenção e para conversar com os nossos médicos sobre o tratamento;, comentou Santos, citado pela agência de notícias EFE.

O presidente paraguaio fará mais cinco sessões de quimioterapia em seu país, ao longo dos próximos seis meses. Os exames a que foi submetido no Sírio-Libanês, onde foi internado na terça-feira, confirmaram um linfoma na virilha, no tórax e em uma vértebra, todos no ;estágio 4; ; considerado o grau mais avançado da doença. Ainda assim, os médicos garantem que as chances de cura são elevadas.

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