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Talibãs pedem comissão conjunta para investigar morte de civis afegãos

Agência France-Presse
postado em 16/08/2010 09:45
Os insurgentes talibãs manifestaram disposição de cooperar com as forças internacionais e os defensores dos direitos humanos para investigar a morte de civis no Afeganistão, uma oferta rejeitada pela Otan, poucos dias depois da ONU ter acusado os extremistas de responsabilidade na morte da maioria das vítimas.

Em um comunicado recebido pela AFP, o comando talibã propõe a formação de uma "comissão, composta de representantes especiais da Conferência Islâmica, das agências da ONU de direitos humanos, assim como de representantes das forças da Otan e do emirado islâmico do Afeganistão".

A comissão teria como objetivo "investigar as baixas civis no país". O comando talibã afirma ainda que a comissão deve ter acesso às zonas sob seu controle.

No entanto, a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, sob o comando da Otan) rejeitou a proposta dos insurgentes. "Não precisamos uma comissão conjunta. Não é necessário. Conhecemos a situação. E sabemos claramente as diferenças entre o suposto código de conduta deles e a realidade", declarou o general Josef Blotz, porta-voz da Isaf.

Já a missão da ONU no Afeganistão informou estar a par da oferta dos talibã. Um porta-voz se limitou a declarar que a proposta seria estudada.

[SAIBAMAIS]Em Cabul, a ONG afegã de defesa dos direitos humanos Afghanistan Rights Monitor (ARM) saudou a iniciativa dos talibãs e pediu ao governo de Cabul e à ONU que aceitem a proposta.

A ARM também pede aos talibãs que apresentem garantias concretas para a segurança dos investigadores, para que não sofram perseguição, ameaças nem violência caso apontem os insurgentes como culpados.

O diretor da comissão independente afegã de direitos humanos, Nader Naderly, celebrou o que chamou de "avanço notável", mas também pediu garantias aos talibãs sobre a segurança dos que participarem nas investigações.

A representação da ONU em Cabul publicou na semana passada um relatório que informa a morte de mais de 1.200 civis no primeiro semestre de 2010, 25% a mais que no mesmo período de 2009. Segundo o documento, os insurgentes matam em média sete vezes mais que as forças internacionais e afegãs. Os talibãs são responsáveis por 75% dos ataques que terminam com mortes e feridos, contra 12% provocadas por operações das forças estrangeiras e afegãs.

Os talibãs chamaram de "propaganda" o relatório da ONU.

As bombas de fabricação caseira e os atentados suicidas, formas preferidas de ataque dos talibãs, são a principal causa de mortalidade entre os civis, apesar destes não serem os alvos, e sim os soldados estrangeiros e afegãos, assim como os prédios oficiais.

Os erros nos ataques aéreos da Otan, muito criticados pela ONU e pelo governo afegão, caíram 64%, segundo a ONU.

No entanto, no domingo, o comando da Aliança Atlântica reconheceu ter matado por engano na quinta-feira passada no sul do Afeganistão cinco civis, em ataques aéreos que tinham como alvos militantes talibãs.

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