Agência France-Presse
postado em 16/08/2010 18:06
O governo do Irã questionou hoje (16/8) as "consequências" da oferta brasileira de asilar uma iraniana condenada à morte por apedrejamento, e perguntou se o "Brasil precisará ter um local para criminosos de outros países", em uma nota emitida pela embaixada em Brasília."Em relação à presença ou ao exílio (da condenada) Sakineh Mohamadi no Brasil, é necessário considerar alguns pontos e questões significativas. Quais são as consequências desse tipo de tratamento aos criminosos e assassinos?", questiona o governo do Irã no comunicado. "Esse ato não promoverá e não incitará criminosos a praticar crimes?", completou.
"Será que a sociedade brasileira e o Brasil precisarão ter, no futuro, um lugar para os criminosos de outros países em seu território?", questionou.
Brasil e Irã trocaram várias mensagens nas últimas semanas pelo caso de Sakineh Mohamadi Ashtiani, 43 anos, mãe de dois filhos, condenada à morte por apedrejamento no Irã por adultério e também acusada de homicídio.
A sentença causou comoção em todo o mundo e levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mantém um diálogo aberto com o Irã, a oferecer asilo no Brasil. "Se minha amizade e respeito que tenho pelo presidente do Irã (Mahmoud Ahmadinejad) e pelo povo iraniano valem algo, se essa mulher causa mal-estar, poderíamos recebê-la no Brasil", disse Lula.
O Irã, por meio de porta-vozes oficiais, descartou aceitar a oferta, e depois disse que o Brasil não teria feito um pedido formal para receber a mulher, ponto que foi negado pelo chanceler Celso Amorim.
Segundo a nota divulgada nesta segunda-feira, o Irã "considera as declarações e o chamado" de Lula "um pedido de um país amigo", que atribuiu a "sentimentos puramente humanitários" do presidente brasileiro.