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'Déficit de imagem' prejudica ajuda ao Paquistão

Agência France-Presse
postado em 16/08/2010 18:09
A dificuldade que as Nações Unidas encontram para arrecadar dinheiro para as pessoas afetadas pelas inundações no Paquistão é explicada pelo "déficit de imagem" do país no cenário internacional e pela mobilização massiva gerada pelo Haiti, que "cansou" os doadores, segundo especialistas.

As Nações Unidas enfrentam grandes dificuldades para obter os US$ 460 milhões solicitados em 11 de agosto para socorrer os seis milhões de desabrigados mais vulneráveis do total de 20 milhões de pessoas afetadas pelas inundações no Paquistão.

Quase uma semana depois do apelo feito, as Nações Unidas conseguiram arrecadar apenas 32% dos recursos, o que representa uma porcentagem mínima em comparação às ajudas concedidas ao Haiti, devastado por um terremoto em 12 de janeiro, que chegaram a 90% em menos de um mês.

Para os especialistas, a falta de generosidade dos doadores com o Paquistão é explicada, em primeiro lugar, pela falta de popularidade do país na comunidade internacional. "Notamos um déficit de imagem do Paquistão na opinião pública ocidental", reconheceu Byrs.

Mais direta, Melanie Brooks, porta-voz da ONG Care International, considerou necessário explicar aos doadores que "o dinheiro não cairá nas mãos dos talibãs". "Os desabrigados são mães, camponeses, crianças. Mas no passado, as notícias sobre o Paquistão sempre foram relacionadas aos talibãs", lamentou.

O diretor geral da Médicos Sem Fronteiras em Paris, Filipe Ribeiro, concorda com Brooks. Para ele, a falta de entusiasmo é explicada, sobretudo, pela "imagem ruim que o Paquistão tem". Nos meios de comunicação, prossegue Ribeiro, o Paquistão está "claramente ligado ao terrorismo e à corrupção", o que leva a crer que "as vítimas não são tão inocentes quanto outras". Para ele, a imprensa também é culpada, por ter dado muito menos importância às enchentes no país do que ao tremor que devastou o Haiti.

Essa catástrofe, que deixou 225 mil mortos, 300 mil feridos e 1,3 milhão de pessoas desabrigadas e para a qual os doadores reuniram por volta de US$ 993 milhões, "cansou" os doadores, segundo Melanie Brooks.

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