postado em 18/08/2010 08:41
A duas semanas do fim da missão de combate das tropas norte-americanas no Iraque, um terrorista atacou ontem um centro de recrutamento do Exército iraquiano, matando mais de 60 soldados e recrutas e ferindo 120 pessoas. Eram 7h30 quando o suicida detonou um cinto carregado de explosivos em meio aos homens que aguardavam para alistar-se perto do antigo edifício do Ministério da Defesa, no bairro de Bab Al-Muazam, em Bagdá. A fila estava longa porque o prazo para inscrição se encerra hoje.O atentado foi cometido em pleno Ramadã, o mês sagrado de jejum dos muçulmanos, e foi o incidente mais violento no país neste mês. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou o ataque. ;Sempre há pessoas que querem frear os avanços que os iraquianos realizam rumo à democracia;, disse o porta-voz adjunto Bill Burton. ;Mas (esses avanços) são sólidos, e estamos seguros de que chegaremos ao fim da nossa missão de combate; no país, completou.
A Casa Branca destacou que o atentado não modificará os planos anunciados no início do mês, e reafirmou que as forças americanas finalizarão suas operações de combate no Iraque até o próximo dia 31. Permanecerão no país 50 mil soldados que darão treinamento e aconselhamento ; eles começarão a sair em 2011. Na segunda-feira, o Departamento de Estado anunciou a abertura de representações diplomáticas em quatro cidades iraquianas consideradas atualmente problemáticas, mas importantes para o futuro: Qasr, Mosul, Irbil (capital do Curdistão) e Kirkuk (reivindicada por curdos e árabes). ;Estes consulados dão uma reconhecida e importante plataforma diplomática para todos os programas que pretendemos realizar agora e para o que queremos fazer no futuro;, disse Michael Corbin, encarregado de Iraque no departamento.
Segurança
O Exército iraquiano enviou reforços para isolar o centro de recrutamento e evitar um segundo ataque. ;Nós não conseguimos achar outro local para os recrutas. Era difícil controlar a área, porque é um terreno aberto e por causa do grande número de candidatos;, disse o porta-voz militar, major-general Qassim Al-Moussawi, que apontou a rede terrorista Al-Qaeda como principal suspeita pelo ataque. Um recruta que escapou ileso reclamou do controle de segurança no local. ;Não sei como o homem-bomba conseguiu entrar, porque teve de passar por um controle eletrônico e uma revista corporal. Deve ter se escondido ontem à noite;, disse Ahmed Kazem, 19 anos, à agência de notícias France Presse. ;Depois da explosão, todo mundo fugiu em todas as direções e os soldados atiraram para o alto. Vi pessoas no chão, com o corpo queimado ou sangrando;, completou Kazem.
Com a aproximação da partida dos americanos, grupos insurgentes iraquianos dão sinais de que pretendem intensificar suas ações. Em 18 de julho, um homem-bomba matou 40 pessoas.
O número
50 mil
Efetivo do contingente norte-americano que permanecerá no Iraque até a conclusão da retirada de tropas, em 2011
Embaixada invadida
A polícia israelense deteve ontem um palestino que invadiu a Embaixada da Turquia, em Telavive, manteve o cônsul e sua mulher como reféns por duas horas e ameaçou incendiar a representação diplomática. Nadim Injaz, 32 anos, exigia asilo político. ;Se eles não me deixarem ir embora desse país agora, eu vou botar fogo em tudo. Nos carros, nas portas. Vou quebrar tudo, vou explodir a embaixada;, disse Injaz a uma emissora de TV. A polícia só conseguiu prendê-lo seis horas depois da invasão, quando foi baleado nas pernas pela segurança da embaixada.
;Os guardas neutralizaram o indivíduo quando ele tentou fazer o vice-cônsul de refém;, informou o Ministério de Relações Exteriores da Turquia. Segundo o comunicado, o palestino tinha uma faca, um galão de gasolina e uma réplica de arma de fogo.
A polícia de Telavive e equipes médicas foram impedidas de entrar na embaixada turca. Segundo a imprensa, Injaz teria ameaçado ;matar qualquer judeu; que tentasse se aproximar. O jornal israelense Haaretz destacou que o homem pedia asilo e proteção ;desses assassinos sionistas;, mas, ao mesmo tempo, dizia que líderes palestinos, como o presidente Mahmud Abbas, ;deveriam morrer;. Injaz, originário da cidade de Ramallah (Cisjordânia), tinha saído da prisão havia duas semanas, depois de ter cumprido pena pela invasão da embaixada britânica, em 2006.