Agência France-Presse
postado em 18/08/2010 18:33
O guia supremo iraniano Ali Khamenei declarou hoje (18/8) que o Irã negociará com os Estados Unidos sobre a questão nuclear apenas se Washington retirar as sanções e interromper as "ameaças" contra Teerã."O presidente respeitado (Mahmud Ahmadinejad) e outros disseram que estão prontos para negociações. É verdade, mas não com os Estados Unidos", disse o aiatolá Khamenei, durante uma reunião com autoridades iranianas, entre elas o presidente Ahmadinejad, em um discurso transmitido pela televisão estatal.
"O motivo é que os Estados Unidos não intervêm (...) honestamente como um negociador normal. Eles deveriam parar de brincar de superpotência, deveriam parar com as ameaças, deveriam anular as sanções e não deveriam fixar um objetivo para as negociações. Então, estaremos prontos", disse.
A pedido dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança da ONU adotou em 9 de junho uma resolução reforçando as sanções internacionais contra o Irã pelo polêmico programa nuclear, uma iniciativa rapidamente seguida pela adoção de severas sanções unilaterais dos Estados Unidos e da União Europeia.
Paralelamente a essas sanções, as potências ocidentais, que suspeitam que o Irã queira obter a arma atômica sob o pretexto de um programa nuclear civil, tentam fazer com que Teerã volte à mesa de negociações.
Khamenei, que tem a última palavra sobre todas as questões nacionais, afirmou que o Irã sempre recusou as ofertas de diálogo dos Estados Unidos "porque a negociação sob ameaças não pode ser uma negociação".
"A experiência mostrou que quando eles não podem responder de maneira lógica, eles intimidam (...) Não mudaremos de postura sob pressão e responderemos a estas pressões a nossa maneira", acrescentou.
No início de agosto, o presidente Ahmadinejad havia dito que esperava que os Estados Unidos aproveitem "a oportunidade" de discutir uma troca de combustível nuclear com o Irã, reafirmando que Teerã está preparado para iniciar as negociações a partir do fim de agosto.
Ele também reiterou a proposta de um debate cara a cara com o presidente Barack Obama sobre "os problemas globais" durante a próxima Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, em setembro.