postado em 19/08/2010 07:00
Enquanto Sakineh Mohammadi Ashtiani aguarda a decisão da Justiça iraniana em uma cela superlotada da prisão de Tabriz, uma carta supostamente assinada pelos filhos da viúva condenada à morte causou polêmica. Na mensagem (leia ao lado), escrita em farsi, o casal Sajjad, 22 anos, e Saideh Ghaderzadeh, 17, destitui Mohammad Mostafaei do cargo de advogado de Sakineh e lhe pede que não se pronuncie mais sobre a mãe, sentenciada ao apedrejamento.
Em visita a Berlim, a convite de Markus Loening ; comissário de direitos humanos do governo da Alemanha ;, Mostafaei falou ao Correio por telefone, denunciou um complô de opositores ao regime islâmico e acusou Mina Ahadi, fundadora do Comitê Internacional contra o Apedrejamento, de desacreditá-lo (leia a entrevista nesta página). A polêmica teve início na segunda-feira, quando Mostafaei admitiu à revista alemã Der Spiegel que Sakineh drogou o marido, antes de ajudar o primo dele a matá-lo.
Por e-mail, Mina Ahadi confirmou ao Correio que Mostafaei não é mais advogado de Sakineh. ;Assim como o regime islâmico, ele incrimina Sakineh, e não a defende;, comentou a ativista. ;Conversei com Mostafaei e achamos que não está certo o que ele disse. Talvez ele esteja sob pressão, porque sua mulher e sua filha estão no Irã e, por isso, tenta dizer alguma coisa que seja contrária aos interesses de Sakineh;, acrescentou. Mostafaei disse à reportagem ;não concordar; com as palavras de Mina Ahadi. ;Sakineh é uma mulher pobre e foi enganada. Essa história (assassinato) não é importante. O ponto central aqui é que querem apedrejá-la;, declarou. O advogado demitido também se recusou a abordar novamente o assunto.
Mohammad Mostafaei, advogado da iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, fala sobre sua suposta demissão (em inglês)